Resumo |
A maioria dos estudantes do Ensino Médio (EM) está na rede estadual (cerca de 75%), havendo pouco mais de 20% em escolas particulares. O restante se distribui nas municipais e federais. Entretanto, quando se considera o ensino superior (ES), esses percentuais são bem diferentes. Por exemplo, na USP, apesar das medidas inclusivas, apenas 35% dos matriculados em 2015 vieram da rede pública. Mesmo com o sistema de cotas, a população estudantil nas Universidades federais também não reflete a distribuição existente no EM. Os motivos são vários, entre eles a diferença socioeconômica dos estudantes das escolas públicas e privadas e a precariedade do ensino, principalmente nas escolas estaduais. No ENEM-2014, a nota média dos alunos da rede estadual foi de 477,7, contra 556,7 da rede privada. Outra consequência da baixa qualidade do EM é o alto índice de reprovação em disciplinas das áreas de ciências exatas nas Universidades. Na tentativa de melhorar essa situação, vários projetos de extensão têm sido desenvolvidos pelas Universidades. Entre eles, o projeto Química em Ação, com o apoio do MEC (PROEXT), desde 2008 oferece aulas semanais de Química para alunos do EM de 5 escolas estaduais de Viçosa. Essas aulas ocorrem na UFV com 2 horas de duração e são oferecidas por licenciandos, a maioria bolsistas da CAPES (PIBID). A metodologia utilizada foi desenvolvida em um projeto piloto anterior intitulado Tutoria em Química para o EM (2005-2007) e envolve exercícios, experimentos, visitas a museus, jogos e softwares didáticos. O objetivo desta pesquisa foi verificar se a participação dos estudantes do EM nesse projeto incentiva a continuidade de estudos, auxilia na preparação para o ES e influencia na escolha do curso. A partir do banco de dados do projeto, os participantes foram contatados por telefone e redes sociais. Foi possível localizar e entrevistar 98 ex-alunos. Entre os dados levantados, observou-se que todos tentaram acesso ao ES (vestibular ou SISU) e afirmaram que o projeto melhorou seu desempenho escolar em Química. No momento da entrevista, 49% estavam fazendo um curso universitário, sendo 10% na área de química (Química, Eng. Química, Bioquímica e Farmácia). É interessante notar que, dos 13 entrevistados que se inscreveram para o curso de Química, 9 foram aprovados. Ainda, 6% foram aprovados em cursos com 5 ou mais disciplinas de Química no currículo (Eng. de Alimentos e Ciência e Tecnologia de Laticínios). Cursos com até 4 disciplinas de Química no currículo foram selecionados por 56% dos alunos, com 15% de aprovações. Uma das perguntas buscou verificar o que os levou a escolherem o curso. Alguns mencionaram a facilidade com as áreas de exatas e o gosto pela química. Outros disseram que se interessaram mais por química ao participarem do projeto. Assim, conclui-se que estes projetos incentivam a continuidade de estudos e contribuem na preparação para o ES, apresentando uma forte influência na escolha do curso de acordo com a área do projeto. |