Resumo |
Entre as discussões realizadas acerca do envelhecimento populacional, destaca-se o processo de feminização da velhice, caracterizado pelo aumento do número de mulheres entre a população idosa. Porém, vale ressaltar que com o avançar da idade, as mulheres idosas estão mais propensas a enfrentar situações que podem levá-las a um potencial risco social, associado à educação, saúde, trabalho, cuidado, renda e lazer que pode implicar na qualidade de vida das mesmas. O objetivo deste estudo foi analisar o fenômeno da feminização da velhice no município de Viçosa, MG, considerando o perfil e papel da idosa no arranjo familiar, a relação de cuidado/cuidar e a susceptibilidade ao risco social. A pesquisa foi realizada com 40 idosas participantes do Clube da Vovó, programa de natureza filantrópica e social.Tratou-se de um estudo exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa e quantitativa, tendo como estratégia de pesquisa o estudo de caso.Os resultados revelaram um número significativo de idosas octogenárias e viúvas, assim como a baixa renda e a baixa escolaridade. A aposentadoria e a pensão foram os benefícios mais recorrentes. Para as idosas a renda pode ser considerada como um fator de autonomia e independência, apesar de destiná-la, em muitos casos, para as despesas domésticas, o que permite que as idosas assumam o papel de provedora ou chefe de família. Porém, o estudo revelou que ser chefe de família estava relacionado com as responsabilidades que as idosas tinham sobre a família, o lugar que ocupavam na vida dos filhos, sobretudo, quando eram consultadas. Vale ressaltar que a baixa renda e a dependência financeira pode expor as idosas ao risco social, pois é nessa fase da vida que dependem de maior cuidado e tratamento de saúde adequado, associados, na maioria das vezes, com gasto financeiro. As idosas avaliaram a velhice e a viuvez como uma fase boa ou ruim, o que dependia de diversos fatores externos e internos. O estado de saúde foi majoritariamente avaliado como bom, mesmo com a presença de problemas de saúde. No que se trata da rede de apoio das idosas, a família, os amigos, os vizinhos e os grupos de convivência foram considerados importantes para a qualidade de vida das mesmas. Notou-se também, que a mulher idosa era um importante elo para as redes de apoio às quais fazia parte. As idosas ofertavam cuidados aos netos, filhos, maridos e outros familiares. Quanto à oferta de cuidado para a idosa, verificou-se uma possível ausência de cuidadores, sendo considerado fator de risco social, uma vez que, nessa etapa da vida, estas mulheres necessitam de maior atenção e cuidado. Diante desta realidade, cabe à família, assim como o ao estado e à sociedade civil buscar soluções e alternativas que atendam às demandas desta parcela da população, promovendo a ampliação e/ou a efetivação de políticas públicas, projetos e ações, visando o bem-estar e qualidade de vida das mulheres idosa. |