Resumo |
O crescimento urbano exacerbado e descontrolado nas últimas décadas tem acarretado na aceleração de diversos desastres naturais, influenciados pela ação antrópica. A ocupação insistente e irresponsável, à deriva de qualquer planejamento, em áreas de risco geológico-geotécnico, tem se tornado uma preocupação nos dias de hoje no âmbito da gestão política. Em razão disso, foi promulgado, em 2001, o Estatuto das Cidades, o qual trouxe avanços consideráveis para os esforços de planejamento urbano, incluindo a obrigatoriedade monitorada de municípios com mais de 20 mil habitantes produzir e aplicar um Plano Diretor. Tratando-se disso, vários estudos de contenção e prevenção de riscos têm sido realizados nos municípios propícios aos condicionantes que afetam diretamente tais problemas. Localizada na porção central do estado de Minas Gerais, a cidade de Ouro Preto possui características geológicas e geomorfológicas que propiciam graves problemas de instabilidade geotécnica. Fatores naturais e de intervenções antrópica, que ocorrem desde o início das atividades exploratórias mineiras até os dias atuais, tornam a região ainda mais susceptível a movimentos de massa. Estes fatores, associados a um desenvolvimento urbano desordenado, com ocupação de áreas sem quaisquer planejamentos, destacam a necessidade de uma análise da situação atual da cidade quanto aos riscos associados a escorregamentos gravitacionais de massa. Para tanto, faz-se necessário a realização de laudos técnicos nas áreas com riscos e/ou com indícios de escorregamentos e a realização de um trabalho de monitoramento em algumas encostas da região, utilizando, entre outros procedimentos, o monitoramento de inclinômetros. Este equipamento possibilita medir a magnitude e a posição da superfície de ruptura numa determinada encosta instável. A cidade possui hoje uma carta de risco, que identifica áreas, segundo alguns parâmetros, com maior probabilidade de ocorrência de escorregamento, classificando estas por níveis de risco, de muito alto a baixo, estando o risco associado às áreas ocupadas. Neste estudo foi avaliado o grau de risco de um talude, denominado de encosta Santa Casa, hoje definido com grau de risco baixo a médio. Este dado, conjugado com dados históricos de inclinômetros e de informações geológicas e geomorfológicas regionais e locais, possibilitou confirmar se o grau de risco mapeado coincide com o estabelecido em campo, reavaliando ou validando os atuais índices, bem como identificando os possíveis focos de escorregamento. A conclusão do estudo dos inclinômetros realizado junto às seções geológicas demonstrou resultados significativos para a definição das superfícies de deslocamento. A encosta Santa Casa apresenta, segundo o mapa de risco a escorregamentos, índices de risco de baixo a médio. Porém, tendo como base o presente estudo e as definições dos índices de risco, é sugerido que sejam alterados para índices de risco de médio a alto. |