Resumo |
Esta pesquisa buscou compreender as possibilidades de trabalho corporal somático com grupos e indivíduos heterogêneos em suas respectivas corporeidades. Partimos da premissa que a educação somática, em diálogo com a dança e a composição coreográfica, possibilita a construção do conhecimento com e sobre o corpo. Cada sujeito possui possibilidades e limitações corporais diferenciadas, portanto, este estudo estimulou cada participante a explorar tais aspectos, bem como outros, de forma consciente. Desenvolvido de março de 2014 a fevereiro de 2015, a investigação foi dividida em dois subprojetos: Corpo Vivo e Dança e Educação Somática. O primeiro atendeu a comunidade de Viçosa/MG, e o segundo trabalhou com discentes e graduados do Curso de Dança da Universidade Federal de Viçosa/UFV. Durante o trabalho de campo, foram aplicadas propostas de percepção corporal diversificadas. Em um processo progressivo, as aulas, laboratórios e encontros (no mínimo duas horas semanais) alternaram dinâmica e intensidade das atividades para atender às necessidades de todos. O trabalho com a composição agregou outro elemento para a percepção corporal: o feedback por meio de vídeo. Foram registrados vários ensaios e as apresentações (em locais diferentes da UFV incluindo o Espaço Fernando Sabino, a sede do Departamento de Artes e Humanidades, o Colégio de Aplicação/COLUNI e a Sede da Seção Sindical dos Docentes da UFV/ASPUV). Posteriormente, os vídeos foram mostrados aos intérpretes e os mesmos eram incentivados a perceber as diferenças entre o que sentiam ao dançar e o que observavam nas imagens. Além das apresentações em Viçosa, foi feita uma apresentação como vídeodança da obra “Do Traço à Dança” na Mostra de Vídeodança do 11º Seminário Nacional de Dança "Concepções Contemporâneas em Dança" realizado em novembro de 2014 na Universidade Federal de Minas Gerais. Fundamentando-se na abordagem quanti-qualitativa, particularmente na pesquisa-ação, os procedimentos metodológicos incluíram diários de bordo, observação participante, questionários escritos, conversas informais e registros do trabalho de campo em fotos e vídeos. A análise dos dados se deu por ciclos de análise cujos resultados foram abordados em diálogo com a literatura pertinente e revelaram a percepção dos participantes sobre suas jornadas corporais individuais ao longo da participação no projeto. Todos relataram melhoria em aspectos trabalhados tais como postura, respiração, fortalecimento muscular e/ou consciência de si. Assim, é possível inferir que o trabalho artístico-corporal realizado por meio desta pesquisa foi eficaz e proporcionou benefícios aos sujeitos. Para as pesquisadoras, foi possível compreender com maior profundidade as relações entre dança, somática e processos criativos. Sugerimos mais pesquisas nesta temática para ampliar compreensões sobre a complexidade envolvida nos trabalhos artísticos e corporais com seres humanos. |