Resumo |
O setor do saneamento encontra dificuldades emergentes no que se diz respeito ao gerenciamento dos resíduos gerados em estações de tratamento de efluentes. Os lodos, primário e biológico, um dos principais subprodutos desses processos, possuem uma composição complexa e de difícil disposição final, e consequentemente, seu gerenciamento demanda muita atenção e custo. Sendo assim, os processos de desaguamento e secagem de lodo são de extrema importância, pois o mesmo tem seu volume reduzido, facilitando seu manuseio e transporte. No entanto, alguns dos processos de desaguamento e secagem empregados atualmente não conseguem atingir níveis de umidade satisfatórios, outros são de custo elevado ou demandam uma área extensa. Nesse sentido, o presente projeto visa otimizar o processo de secagem de lodo, aperfeiçoando os quesitos citados e agregando valor ao material de uma forma mais sustentável, através de um sistema que utilize formas de energia externa, como a energia solar. Trabalhou-se com o lodo biológico gerado no tratamento por lodos ativados do efluente de uma indústria têxtil. Foram realizadas análises de caracterização físico-químicas do lodo e de classificação quanto à periculosidade, como visita técnica às estações de tratamentos de efluentes e de água da indústria fornecedora de lodo, a fim de se obter melhor conhecimento sobre a origem e composição do material em estudo. O experimento compreendeu três sistemas preliminares de secagem do lodo em pilhas ao ar livre e um sistema definitivo, composto por pilhas de lodo com trocador de calor, proveniente de coletor solar artesanal, tendo como fluido a água com temperatura máxima de 40ºC. Ao lodo utilizado foram agregados materiais estruturantes como casca de eucalipto ou cavaco de madeira com a finalidade de promover porosidade e estrutura às pilhas, uma vez que por si só o lodo é um semissólido compacto. Os parâmetros monitorados foram: temperatura ambiente, precipitação, umidade e temperatura dos sistemas (pilhas de lodo), e teor de sólidos fixos no material. O lodo biológico foi classificado como resíduo classe 2A, não perigoso e não inerte, de acordo com a NBR 10.004/2004. Nos experimentos preliminares, foi constatada redução de até 30% dos valores de umidade na mistura de lodo e material estruturante, chegando a valores de umidade de 40% no centro das pilhas. No sistema definitivo, foi apresentada redução de umidade da mistura, atingindo valores de 70% em um período de 2 meses. Os resultados mostraram-se satisfatórios, apesar do longo período de secagem. A área de estudo sobre secagem de lodo se mostra de grande interesse econômico e possui grande potencial de pesquisa. Desta forma, essa pesquisa se mostrou relevante no entendimento de fatores envolvidos no processo de secagem de lodos. |