Resumo |
Introdução: O índice de cesarianas apresentou um importante aumento nas últimas décadas no Brasil, muitas das quais realizadas desnecessariamente1. Dentre as reais indicações de cesárea está o sofrimento fetal, que se caracteriza por uma situação em que o bebê não está bem intra-útero1. A vitalidade fetal do recém-nascido é avaliada pelo Índice de Apgar, descrito por Virginia Apgar, empregado para avaliar o ajuste imediato do recém-nascido à vida extrauterina2. Objetivo: Avaliar as condições de nascimento de recém-nascidos de cesariana cuja indicação para essa via de parto relacionou-se ao sofrimento fetal. Metodologia: Pesquisa quantitativa, realizada através da busca em prontuários de partos realizados nos hospitais do município de Viçosa/MG, no período de 1992 a 2001. Os dados foram organizados em planilha do Excel e analisado no programa SPSS. Este trabalho faz parte de um projeto maior, intitulado: Condições de nascimento e avaliação do leucograma na adolescência: Interações com o estado nutricional, composição corporal e risco cardiovascular. A avaliação do sofrimento fetal se deu a partir do registro do profissional que assistiu ao parto. O peso ao nascer foi classificado de acordo com a Organização Mundial da Saúde em Baixo peso (<2500g), peso insuficiente (2500 a 2999g), peso adequado (3000 a 3999g) e macrossomia (<4000g)3. Resultados: Avaliou-se 9762 prontuários de partos realizados no período de 1992 a 2001, sendo 32,6% de partos normais e 66,9% cesarianas. O maior número de cesarianas também foi encontrado em outros estudos4,5. Dentre as indicações de cesariana 12% refere-se às complicações fetais, dentre essas se evidenciou o sofrimento fetal, observado em 803 registros. Essa indicação para tipo de parto pode ser evidenciada em outros estudos 5. A média de peso desses recém-nascidos foi 3132,78 (+477,11) e a mediana 3100 (1230 – 5000). Na classificação do peso ao nascer observou-se que 59 (7,3%) apresentaram baixo peso, 226 (28,1%) peso insuficiente, 478 (59,5%) peso adequado e 40 (5,1%) macrossomia. Dos prontuários avaliados 140 (17,4%) e 115 (14,3%) não apresentavam registro do Apgar no primeiro e quinto minuto respectivamente. Em relação ao Apgar no primeiro minuto pode-se observar que 100 (12,5%) apresentaram notas menores iguais a 07 e que 71,1% apresentaram boa vitalidade (nota superior a 08). No quinto minuto o Apgar foi avaliado em 688 recém-natos e apenas 23 (2,9%) apresentaram nota menor igual a 07, enquanto que 668 (82,8%) notas maiores iguais a 08. Conclusão: Por se tratar de avaliação da vitalidade fetal, a falta de registro da avaliação do Apgar no primeiro e quinto minuto implicam em uma diminuição comprometimento da assistência, levando a uma diminuição da qualidade da assistência prestada ao novo ser. O número pequeno de recém-nascidos com índice de Apgar menor igual a 07 proporciona o questionamento acerca das reais indicações para a escolha dessa via de parto. |