Resumo |
Doença de Johne ou paratuberculose é uma enterite granulomatosa crônica, causada pelo bacilo Mycobacterium avium ssp. paratuberculosis (MAP) caracterizada por diarreia persistente e perda de peso progressiva e que acomete principalmente ruminantes. MAP é também frequentemente isolado em amostras de pacientes humanos com doenças intestinais, principalmente portadores da Doença de Crohn (DC), uma doença inflamatória intestinal crônica e eventualmente granulomatosa, de etiologia e cura desconhecidas. O envolvimento de MAP na patogênese da DC e de outras doenças intestinais não está esclarecido. Essa configuração demonstra a necessidade de elucidar os fatores ou determinantes no desenvolvimento de quadro dentre os quais se deve avaliar os fatores, determinantes, exposições ambientais. O objetivo do estudo foi verificar fatores de risco para a ocorrência de MAP em amostras de biópsias intestinais humanas, de pacientes com DC, Retocolite Ulcerativa e pacientes não portadores de Doenças Inflamatórias Intestinais (DII). Foi realizado um estudo caso-controle não pareado com o objetivo de identificar possível associação entre a variável desfecho, dependente presença de MAP em amostras de biópsias intestinais e variáveis independentes (exposições) como fatores sanitários, socioeconômicos, comportamentos, hábitos, entre outros. A amostragem foi de conveniência em virtude da necessidade dos resultados de um estudo anterior. A população de origem é a população de pacientes atendidos no centro de referência Instituto Alpha de Gastrenterologia situado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG). Casos e controles foram selecionados da população de pacientes atendidos no local, que realizaram o exame de colonoscopia entre os anos de 2009 e 2011, no qual material para biópsia foi coletado. Dos participantes, 57 são portadores doença de Crohn, 38 de Retocolite Ulcerativa e 53 com outras indicações de colonoscopia. Oito casos foram caracterizados por amostras de biópsias intestinais positivas para presença de DNA de MAP. Sendo os demais considerados controle, independente do diagnóstico recebido. A análise estatística dos fatores de risco foi realizada no programa Epi info 3.5.4, pelo teste do qui-quadrado, com IC de 95% e p<0,1. Para a população estudada, o consumo de leite informal pode ser considerado um fator de risco para MAP em amostras de biópsias intestinais. Isso seria esperado, visto que a bactéria é eliminada por animais doentes principalmente pelas fezes e leite. A caracterização da população sugere alguns possíveis fatores de risco, como a realização de tratamento cirúrgico e histórico familiar de agravos intestinais. |