Resumo |
Introdução: O alcoolismo é considerado um dos maiores problemas de saúde pública em todo o mundo. Devido à alta incidência de recaída durante o tratamento, principalmente na fase de abstinência, investe-se no desenvolvimento de novos modelos de terapia além da farmacológica. Dentre esses modelos, sugere-se a prática da atividade física (AF) como coadjuvante à manutenção da saúde, melhorando a qualidade de vida do dependente. O exercício aumenta a atividade das enzimas hepáticas envolvidas no metabolismo do álcool. Objetivo: Avaliar as alterações histológicas e morfométricas nos hepatócitos para estabelecer as possíveis modificações decorrentes da AF nas lesões hepáticas geradas pelo alcoolismo. Material e Métodos: Após aprovação da Comissão de Ética no Uso Animal (UFV), foram utilizados 24 ratos, divididos em 4 grupos: Grupo controle (sem álcool) e sedentário (CS); grupo controle e exercitado (CE); grupo alcoólico e sedentário (AS); grupo alcoólico e exercitado (AE). Os animais dos grupos alcoólico receberam 4g álcool/kg peso/dia (concentrações graduais de 5%v/v até 20%v/v) durante 4 semanas. Ao final da quarta semana, iniciou-se treinamento físico com os dois grupos exercitados. A AF foi realizada 5 dias por semana, 1hora/dia, durante duas semanas. Ao final da experimentação, os animais foram eutanasiados. Para as análises histológicas, o fígado coletado dos animais foi fixado em formol e processado rotineiramente para coloração com hematoxilina-eosina e análise microscópica. As análises morfométricas nucleares (área, perímetro, diâmetros máximo e mínimo e fator forma) foram realizadas a partir de imagens capturadas e analisadas utilizando-se o programa Image-Pro Plus. Para análise estatística, utilizou-se o programa Sigma Stat e nível de significância de 0,05. Foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis para todos os parâmetros, exceto para o parâmetro área nuclear, analisado pelo teste de análise de variância (ANOVA) seguido de teste de Tukey. Resultados: A análise histológica hepática evidenciou aspecto normal a degeneração gordurosa (DG) microvesicular pericentrolobular muito leve em ambos os grupos controles e DG discreta a moderada no grupo AE, além de leve DG no grupo AS. Nos grupos AE e AS, foi possível evidenciar a presença de raros corpúsculos de Mallory. Quanto à análise morfométrica nuclear hepatocitária, o grupo CE apresentou área de núcleo significativamente maior (p<0,05) quando comparada com os grupos AE e AS. Entretanto, o fator forma foi significativamente menor no grupo CE quando comparado ao AE. Não houve diferença estatística para os demais parâmetros analisados. Conclusão: O exercício físico promoveu o aumento da área do núcleo dos hepatócitos nos animais que não receberam álcool, sinalizando para uma melhor atividade celular e síntese proteica nos hepatócitos destes animais. No entanto, o protocolo de exercício físico utilizado não foi capaz de promover as mesmas alterações nos hepatócitos dos animais que receberam o álcool. |