Resumo |
Os fungos endofíticos são micro-organismos que vivem, em pelo menos uma parte do seu ciclo de vida no interior de tecidos vegetais, sem causar aparente dano a seus hospedeiros. Muitos trabalhos enfatizam a utilização de fungos endofíticos para o controle biológico de fitopatógenos, que tem sido considerada uma alternativa com grande potencial para o controle de doenças que afetam culturas agronômicas distintas. Desta maneira, o presente estudo objetivou avaliar o potencial de antagonismo in vitro de fungos endofíticos isolados da soja (Glycine max) e do cafeeiro (Coffea arabica L.) aos fungos fitopatogênicos Colletotrichum lindemuthianum, Fusarium oxysporum, Rhizoctonia solani e Sclerotinia sclerotiorum. Nos ensaios de cultura dupla em condições in vitro foram utilizados 80 isolados de fungos endofíticos, sendo 46 provenientes da soja e 34 provenientes do cafeeiro e os quatro fungos fitopatogênicos, anteriormente ressaltados. Todos os isolados pertencem à micoteca do Laboratório de Genética Molecular e de Micro-organismos da Universidade Federal de Viçosa. Cada fungo endofítico foi inoculado em placas de Petri contendo meio de cultura Batata Dextrose Ágar (BDA). Após 48 horas, cada fitopatógeno foi inoculado no lado oposto da placa e incubado a 25°C. Os ensaios foram conduzidos com três replicatas. O controle negativo foi realizado com a inoculação dos fungos fitopatogênicos sem a presença do fungo endofítico. Após o período de incubação, de acordo com o tempo de crescimento do fitopatógeno em teste, realizou-se a análise qualitativa, que se baseou no tipo de inibição do fitopatógeno, classificada como antibiose ou competição por substrato. As placas que apresentaram a formação de halos de inibição do fitopatógeno foram identificadas como positivas ao efeito antimicrobiano do fungo endofítico avaliado. Por meio da análise qualitativa desse ensaio, observou-se que 19 fungos endofíticos (23,8%) apresentaram atividade antagônica aos fungos fitopatogênicos. Dos 19 fungos endofíticos identificados como positivos, nove (42,1%) inibiram o crescimento de S. sclerotiorum bem como oito (31,6%) e dois (5,3%) isolados apresentaram efeito antagônico a F. oxysporum e R. solani, respectivamente. Observou-se ainda que dois fungos (10,5%) apresentaram antagonismo a R. solani e S. sclerotiorum e dois fungos apresentaram antagonismo a F. oxysporum e S. sclerotiorum. Nenhum fungo endofítico apresentou atividade antagônica ao fitopatógeno C. lindemuthianum. Portanto, o método do ensaio de cultura dupla permitiu observar que os fungos endofíticos isolados são capazes de inibir o crescimento in vitro de fungos fitopatogênicos e produzem compostos antimicrobianos de interesse biotecnológico. Estes compostos serão futuramente purificados e identificados. |