Conexão de Saberes e Mundialização

19 a 24 de outubro de 2015

Trabalho 4693

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Pós-graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Agrárias
Área temática Cidadania, inclusão social e direitos humanos
Setor Departamento de Economia Rural
Conclusão de bolsa Não
Primeiro autor Bruno Costa da Fonseca
Orientador ANA LOUISE DE CARVALHO FIUZA
Outros membros MARCELO LELES ROMARCO DE OLIVEIRA, Tainara Emilia Rosa
Título Processo organizativo e disseminação de frames entre agricultores atingidos pela PCH Cachoeira do Emboque
Resumo A pesquisa ora apresentada teve por objetivo analisar o atual processo de organização dos agricultores envolvidos em movimentos sociais. Estudou-se, especificamente, as práticas dos agricultores atingidos pela construção da PCH Emboque, localizada na zona rural do município de Raul Soares/MG. Adotou-se como metodologia a realização de entrevistas com agricultores atingidos pela barragem, observação participante em reuniões do Movimento e análise documental. No que tange à análise, os depoimentos coletados foram analisados utilizando-se o conceito de processo frame, baseado nos estudos do antropólogo Erving Goffman, que propõe uma análise dos movimentos sociais a partir da perspectiva de quadros interpretativos resultantes das representações simbólicas e cognitivas dos sujeitos, as quais justificam e impulsionam as ações. Utilizou-se, ainda, a noção de “Repertório de Ação Coletiva” do sociólogo Charles Tilly, que destacou a existência de um número regrado de possibilidade de ação dos movimentos sociais em determinados períodos históricos e contextos sociopolíticos. Nesse sentido, destaca-se no caso de Emboque a formação dos “Grupos de Base” que se constituem na força motriz do Repertório de Ação Coletiva dos agricultores envolvidos no MAB. Os Grupos possuem a função de alicerçar o Movimento em um contexto de atuação, no qual a construção da barragem se concretizou e a luta se orienta pelo cumprimento de condicionantes não findadas pelo empreendedor. As ações do MAB de Emboque estão pensadas a partir da ampliação do conceito de atingido situando a categoria para além dos processos indenizatórios pela perda de suas terras. Tal entendimento permite o recrutamento de novos militantes a partir da disseminação de um frame de injustiça social. Desta forma, aqueles que tiveram seus vizinhos realocados, prejuízos com a alteração do percurso das estradas ou perdeu o acesso ao rio, também são enquadrados dentro do conceito de atingidos. Observou-se, assim, a predominância de três tipos de atores sociais, os quais concebem frames de injustiça social com diferentes perspectivas, mas que compõe o conjunto de orientações do Movimento. Num primeiro enquadramento estão os atingidos que podem ser classificados como “puramente militantes”: geralmente, estudantes universitários e recém-formados que, via de regra, não são proprietários rurais, mas compartilham o master frame de “mudança no processo de desenvolvimento econômico”, lutando contra a apropriação privada dos bens naturais, neste caso, especificamente, contra as construtoras de barragens. Noutro caso estão os “militantes-agricultores” que, atingidos direta ou indiretamente, compõe o grupo de lideranças locais e coordenam os Grupos de Base. Possuem, ademais, a missão de compartilhar o master frame e organizar (recrutar) os agricultores na base. Por fim, estão os “agricultores participantes” que apesar de participarem dos eventos de mobilização, por vezes apenas se apropriam da noção de “sou atingido”.
Palavras-chave Movimentos Sociais, Ação Coletiva, Atingidos por Barragens.
Forma de apresentação..... Painel
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