Resumo |
A observação dos fenômenos linguísticos, seja na forma oral ou escrita, é importante para o estudo da língua de determinado grupo de indivíduos em uma situação comunicativa inserida em um contexto histórico-social. No caso da linguagem verbal escrita, é preciso atenção quanto à maneira que os falantes utilizam-na, pois as mudanças gramaticais, semânticas e sintáticas detectadas nos textos pelo leitor podem alterar gravemente o conteúdo da informação veiculada, prejudicando a compreensão. No que diz respeito à escrita no Ensino Médio, o foco é a formação de alunos competentes na produção de textos argumentativos, cujo objetivo discursivo é convencer o interlocutor a respeito de determinado ponto de vista. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo principal identificar e descrever os marcadores de opinião, certeza e incerteza, especificamente os marcadores de caráter epistêmico e verbos modalizadores, em um corpus de textos argumentativos de alunos do 2º ano do Ensino Médio. Os dados foram obtidos através de produções de textos argumentativos escritos por 34 alunos de três turmas do 2º ano do Ensino Médio de uma escola pública estadual de Viçosa-MG. Para isso, os procedimentos metodológicos utilizados foram: a) revisão bibliográfica - resgatando principalmente a noção de modalidade e suas categorias epistêmica e evidencial, a definição de marcadores de opinião, certeza e incerteza como instrumentos linguísticos de modalização e a abordagem da Linguística de Corpus; b) elaboração do Corpus – primeiro, foram realizadas reuniões com os membros da pesquisa, leituras de artigos e discussões para elaborar a proposta de redação. Em seguida, foi organizada uma oficina de apresentação do tipo textual argumentativo e da proposta para os estudantes na escola. Após essa etapa, os textos produzidos foram recolhidos, digitalizados e digitados; c) análise do Corpus – a princípio, a pesquisa restringiu-se à identificação manual dos marcadores (no caso, marcadores de caráter epistêmico e de possibilidade e probabilidade), a frequência e alguns apontamentos acerca de seu uso. Como a pesquisa ainda está em andamento, serão realizadas análises quantitativas e qualitativas dos marcadores através de softwares probabilísticos, fornecendo novos dados. Os resultados preliminares permitiram identificar uma frequência predominante do verbo poder, além de algumas formas na primeira pessoa como “imagino”, “percebi” ou “no meu ponto de vista”, que, segundo critérios de avaliação, são inadequadas para este tipo de texto, em que se exige a impessoalidade. Além disso, foram encontrados muitos desvios em termos estruturais e sintáticos, e a recorrência do uso da “voz do autor”, pode caracterizar insegurança por parte dos alunos no processo de registro das ideias, por terem dificuldade no domínio do gênero e da norma padrão. |