Resumo |
Este trabalho trata de um estudo sobre representações sociais do processo de envelhecimento entre crianças e adolescentes, buscando compreender os mecanismos que possibilitam as construções sociais de estigmas sobre a velhice. A pesquisa do tipo qualitativa teve como técnicas de coleta de dados a realização de entrevistas coletivas do tipo “grupo focal” junto a 181 alunos do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental em uma escola pública de Viçosa/MG. A escola em questão situa-se em um bairro perto do centro da cidade, porém está próxima a uma comunidade periférica com grande concentração de pobreza e tráfico de drogas. Os grupos focais aconteceram separadamente, por turma, buscando desvelar o que os adolescentes pensam sobre o envelhecimento e sobre a participação dos idosos na sociedade. Para estimular os a externar suas opiniões foram a apresentadas imagens e feito perguntas sobre os significados das mesmas. Realizou-se, ainda, entrevistas não estruturadas com os professores e pedagogos, questionando-os sobre a forma como eles trabalham com questões ligadas ao envelhecimento. Para registrar os detalhes da pesquisa, utilizou-se um minigravador, que contou com autorização dos responsáveis pela escola, além das anotações em um caderno de campo. A análise dos dados foi ponderada na forma discursiva, dando atenção à questão da subjetividade, buscando a compreensão dos significados localizados nos contextos culturais em que são produzidos (GEERTZ, 1989) e reproduzidos. De maneira geral, as respostas respostas apontaram para uma visão bastante negativa sobre a velhice, com ampla estigmatização dos idosos na sociedade, que eram vistos como inativos, feios e preguiçosos. As poucas referências positivas sobre a velhice partiram de alunos que conviviam com idosos ativos, que não se encaixam nos padrões estigmatizados. Esses alunos projetavam a própria velhice por uma perspectiva ativa. Por outro lado, aqueles que estigmatizavam a velhice, falaram que não queriam envelhecer e não se imaginavam velhos, como se fossem ser eternamente jovens. Conclui-se que, assim como a sociedade estigmatiza o idoso, o adolescente da escola investigada também o fazem, endossando o discurso pejorativo que envolve esta fase da vida. Cabe as autoridades ligadas à educação criar subsídios, políticas públicas e materiais didáticos voltados ao trabalho, nas escolas, sobre a da valorização do idoso, motivando o convívio intergeracional. Nesse processo, mostrar a importância da diversidade configura-se como uma oportunidade crucial para potencializar o processo de aprendizagem escolar e contribuir para a inclusão social dos idosos. |