Resumo |
Sabendo do quão produtivo é o legado deixado pela cultura greco-latina através dos séculos, o presente trabalho trata das reminiscências da cultura clássica encontradas na obra Helena, de Machado de Assis. Com base nos conceitos de dialogismo e intertextualidade, desenvolvidos respectivamente, por Bakthin (2002) e Kristeva (1974), também revistos por Fiorin (2008), o trabalho visa analisar e levantar hipóteses sobre os diálogos que a obra machadiana estabelece com elementos da Antiguidade, como os mitos, a história e a ciência. Apropriando-se de uma parte do mito – o mitema –, o autor brasileiro recria os textos gregos e latinos antigos, deixando ao leitor um novo caminho literário no qual pode aprofundar-se e descobrir, através das relações dialógicas, segredos da narrativa, traços psicológicos das personagens, revelados pela "palavra ambivalente". Para isso, conceitos como “clássico” (BARBOSA, BRANDÃO, TREVISAM, 1998/99; CALVINO, 1993; CAIRUS, 2011) e “mito” (BURKET, 1991; BRANDÃO, 2012) são discutidos a fim de orientar o foco do nosso trabalho. Na análise dos dados, demonstramos a forte presença dos mitemas greco-romanos, bem como a forma pela qual Machado estabelece as relações dialógicas. Nosso propósito foi entender a recepção da cultura clássica na narrativa de Machado de Assis, indagando sobre as funções a que se presta a incorporação dessa camada intertextual nos escritos do consagrado autor brasileiro, identificando passagens em que a narrativa machadiana dialoga com a cultura greco-latina a partir da citação de personagens históricos e/ou ficcionais e fatos culturais ao longo da obra em questão, além de fomentar estudos posteriores, a fim de aprofundar o tema e possibilitar descobertas futuras. Após apresentar os resultados finais, apontamos para o fato de que existe uma gama de temas a serem desdobrados no âmbito dessa pesquisa e que podem oferecer importantes resultados para os estudos da literatura brasileira e, principalmente, da cultura clássica, área que ainda tem muito a se desenvolver no âmbito educacional brasileiro, e que é de suma importância para formação cultural dos alunos. As narrativas greco-romanas possuem uma força inesgotável, além de povoarem o imaginário coletivo ocidental, e despertam interesse em aprender e conhecê-las, sendo imensurável o seu valor como legado cultural. |