Resumo |
A mastite subclínica tem elevada importância econômica em decorrência dos prejuízos na produção de leite. O seu diagnóstico em cabras difere do diagnóstico em bovinos no tocante a interpretação dos testes, sendo as técnicas mais aceitas o California Mastitis Test (CMT) pela facilidade de uso a campo e a contagem de células somáticas (CCS) pela alta sensibilidade e especificidade. No entanto, ainda não há padrão definido para a CCS em cabras. Objetivou-se neste estudo identificar os fatores de risco associados à mastite subclínica bacteriana caprina. Foram selecionadas 10 propriedades localizadas na Zona da Mata de Minas Gerais, nas microrregiões de Viçosa (1), Manhuaçu (2), Muriaé (2), Juiz de Fora (3), Cataguases (1) e Ubá (1). Em cada propriedade, foram submetidos ao CMT os animais em lactação e coletada uma amostra de leite de cada teto acometido, conforme recomendações do National Mastitis Council para diagnóstico microbiológico. As variáveis independentes se caracterizaram por aspectos do manejo dos animais e foram obtidas a partir da aplicação de questionário com o responsável pelo trato dos animais. Considerou-se positivo o animal sem sinais clínicos, com resultado sugestivo no CMT (a partir de duas cruzes) e crescimento bacteriano, com três ou mais colônias idênticas, no ágar sangue de ovino a 5% em até 72 horas. A existência de associação entre as variáveis foi verificada pelo cálculo da razão de chances e respectivo intervalo com 95% de confiança, utilizando o programa EpiInfo versão 3.5.4. As interpretações foram feitas considerando o nível de confiança de 5%. Foram submetidos ao CMT 538 animais, sendo 151 (28%) considerados positivos. A ausência de identificação individual dos animais, a ausência de sala de ordenha e a não realização de pré e pós dipping foram consideradas fatores de risco para a ocorrência de mastite subclínica bacteriana, sendo que animais positivos tiveram três vezes mais chances que os negativos (p<0,05). Destaca-se que a realização de ordenha manual foi considerada fator de risco importante neste trabalho, com OD=3,96 (IC=2,43-6,47) e p<0,001. Outras variáveis foram associadas à doença, porém com menor intensidade, como: entrevistado sem ensino superior completo (OD=1,72; IC=1,11-2,67; p<0,05); menos de dez anos de experiência do entrevistado com caprinos (OD=1,83; IC=1,16-2,91; p<0,05) e a ausência de empregados (OD=1,91; IC=1,22-2,98; p<0,05). Portanto, este trabalho reitera a importância de práticas preventivas de manejo, principalmente na ordenha. Com a estimativa dos fatores de risco, pode-se elaborar programas de controle e vigilância, reduzindo o impacto econômico ocasionado pela ocorrência de mastite no rebanho. |