Resumo |
Os artesãos do grupo Art D’Mio, ligados a Associação de pequenos produtores agroartesanais de Brás Pires-APPAB, vinculada ao Instituto Xopotó, transformam a palha de milho, em produtos decorativos que são vistos como rica forma de expressão da cultura e do poder criativo de um grupo, pois incorporam saberes, tradições, modos de vida e história da comunidade. Considerando o potencial do grupo, o instituto, em parceria com o Sebrae, contrataram duas designer para fazer capacitações visando o desenvolvimento e melhoria dos produtos e ampliação das vendas. Assim, os artesãos aprenderam que a associação de novos materiais agregava valor às peças e possibilitava ampliar o mercado. Apesar da melhoria da peças e expansão do mercado consumidor, inclusive internacional, os artesãos não conseguiram se manter nele. Alguns fatores, citados por artesãos e costureiras,levaram ao enfraquecimento do grupo com a redução das encomendas, falta de uma liderança no grupo e baixo retorno financeiro, que levaram os membros do grupo a procurarem outras alternativas de renda. Dessa forma, a presente pesquisa tem como objetivo analisar a trajetória dos artesãos do grupo Art D’Mio de Brás Pires-MG, verificando os benefícios pessoais e familiares da atividade artesanal, bem como os motivos pelos quais o grupo foi enfraquecido. A coleta de dados fundamentou-se em uma pesquisa com bases etnográficas com realização de entrevistas junto a 24 pessoas, sendo dez artesãos, seis costureiras, um membro da APPAB, cinco funcionários do Instituto Xopotó e duas designers. Durante as entrevistas, os artesãos e costureiras relataram que durante um período aproximado de três anos, o trabalho com a palha de milho foi visto como algo que contribuía com as despesas em casa, apesar da renda ser baixa e não ser fixa. Na ocasião das entrevistas, o grupo contava apenas com três artesãs, sendo que duas delas possuíam outras fontes de renda além do artesanato, como o trabalho em uma padaria e a realização de faxina. Os funcionários do Instituto relatam que a liderança do grupo sempre partia deles, que estabeleciam as normas do grupo, presidiam as reuniões, divulgavam e comercializavam os produtos. Relataram que, por várias vezes, eles tentaram aguçar o espírito de liderança entre o grupo, mas não havia uma resposta positiva. Também destacaram que em Brás Pires, de modo geral, havia um baixo protagonismo social, com dependência do poder público local. O presidente da APPAB relatou que os artesãos do grupo Art D’Mio não pagavam a mensalidade exigida para a participação na associação ao qual o grupo era vinculado. Os membros do grupo, por sua vez, mencionaram as dificuldades de pagar a mensalidade uma vez que o artesanato nem sempre trazia retorno financeiro. Dessa forma, conclui-se que o enfraquecimento do grupo se deu por um conjunto de fatores. Apesar de a maioria dos membros ter encontrado outras alternativas de renda, a atividade artesanal ainda é uma tradição que se mantêm presente no município. |