Resumo |
A biomassa, no Brasil, é constituída em grande parte de madeira que, quando empregada para geração de energia na forma de calor, pode ser consumida diretamente (madeira em tora ou cavacos). Entretanto, a madeira tem algumas características que dificultam seu uso como combustível, tais como alto teor de umidade, baixo teor de carbono fixo e o fato de ser um material heterogêneo. Diante disso, é necessário buscar o uso mais eficiente desse combustível, melhorando sua competitividade no mercado. Uma alternativa seria a torrefação, um tratamento térmico em temperaturas controladas e baixa oxigenação, capaz de produzir um material com propriedades energéticas melhores que o material in natura. Assim, este estudo teve como objetivo avaliar o efeito da temperatura de torrefação nas propriedades elementares de cavacos de eucalipto, visto que estas propriedades possuem relação direta com o poder calorífico do material. Utilizando uma mufla contendo um recipiente de aço inox dentro, os cavacos de eucalipto foram submetidos a quatro tratamentos com temperaturas de 150, 200, 250 e 300 ºC. Os cavacos de madeira permaneceram nestes patamares de temperatura por dez minutos. Foram realizadas análises dos cavacos torrificados e in natura. Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e quando estabelecidas diferenças significativas entre eles, aplicou-se o teste Tukey, a 95% de significância. Neste trabalho, em comparação à testemunha, encontrou-se para o teor de carbono um aumento percentual de 8 e 22% para os tratamentos de 250 e 300 ºC, respectivamente. Este aumento de carbono contribui para a elevação do poder calorífico do material, sendo desejado no uso energético. Em comparação à testemunha, o teor de oxigênio sofreu redução de 22% para o tratamento de 300 ºC. Este comportamento foi quisto, uma vez que o oxigênio contribui negativamente para o poder calorífico do material, visto que estes elementos formam ligações mais fracas, portanto, liberam menos energia ao serem quebradas. Os tratamentos de 250 e 300 ºC também apresentaram diferenças significativas para os teores de hidrogênio, apresentando redução de 8 e 17 %. Apesar deste comportamento não ser o ideal, acredita-se que, frente as outras modificações elementares, esta será insignificante na alteração do poder calorífico do material com o aumento da temperatura de torrefação. Encontrou-se baixos teores de nitrogênio e enxofre em todos os tratamentos, indicando que estes são ambientalmente vantajosos, pois o N e o S podem formar gases tóxicos quando submetidos à queima. Com este trabalho, concluiu-se haver relação positiva entre o aumento da temperatura de torrefação e o teor de carbono, e negativa para os teores de oxigênio e hidrogênio. Os teores de nitrogênio e enxofre não sofreram alterações com a variação de temperatura. Sendo assim, a torrefação demonstrou-se um método eficaz energeticamente. |