Resumo |
A cana-de-açúcar está se tornando uma das principais matérias primas de interesse da sociedade para aplicações em processos de biorrefinaria, os quais visam à utilização integral da biomassa para a produção de bioprodutos e biocombustíveis. No que diz respeito aos biocombustíveis, um dos principais objetivos do seu uso é visando à substituição de combustíveis fósseis, permitindo a diminuição da dependência por recursos não renováveis e a redução das emissões de gases de efeito estufa. A queima de combustíveis fósseis representa aproximadamente 82% das emissões dos gases causadores do efeito estufa. Portanto, seja pela questão ambiental global, seja pela importância em reduzir a dependência externa de energia, o etanol de cana-de-açúcar, que já apresenta indicadores ambientais muito positivos quando comparado a outras opções, representa uma grande oportunidade. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi fazer uma revisão sobre a estrutura recalcitrante da palha de cana-de-açúcar e o seu potencial uso na produção de etanol de segunda geração. Foi possível observar que em muitas partes do mundo, em universidades, e empresas, há programas de pesquisas científicas tentando entender a melhor maneira de aproveitar a componente lignocelulósica da biomassa, caso dos resíduos agrícolas (palha e bagaço de cana-de-açúcar, palha de trigo e resíduos de milho) e resíduos florestais (cascas e restos de serraria), assim como o capim elefante para produção de etanol combustível (etanol de segunda geração). No entanto, um dos principais gargalos que envolvem a produção de etanol de segunda geração é “desmontar” a parede celular liberando os polissacarídeos como fonte de açúcares fermentescíveis de forma eficiente e sustentável. Os açúcares presentes na palha de cana-de-açúcar encontram-se na forma de polímeros (celulose e hemiceluloses) e são recobertos por uma macromolécula aromática complexa (lignina), formando a microfibrila celulósica. Devido à sua interação intermolecular e completa ausência de água na estrutura da microfibrila, a celulose apresenta estrutura bastante recalcitrante difícil de ser desestruturada e convertida em monossacarídeos fermentescíveis. |