Resumo |
A agricultura no Brasil avança principalmente em direção às áreas de cerrado, em solos com boas propriedades físicas, porém distróficos e com propriedades químicas inadequadas, como elevada acidez, altos teores de Al trocável e deficiência de nutrientes. Na condição de elevada acidez, o alumínio (Al) é solubilizado e permanece na solução do solo como elemento fitotóxico (Al3+), diminuindo a taxa de respiração e modificando a dinâmica de absorção e translocação de água e nutrientes, resultando em diminuição do crescimento da planta e queda de produtividade e qualidade. A identificação de material genético tolerante ao Al3+ pode oferecer importantes subsídios ao programa de melhoramento genético e à recomendação de cultivares visando ao melhor aproveitamento de solos ácidos. O estabelecimento de técnica de avaliação eficiente para o desenvolvimento de screening dos genótipos discriminantes é, portanto, fundamental. O objetivo deste trabalho foi estudar o comportamento de genótipos de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) em resposta ao estresse pelo alumínio em cultivo hidropônico em variedades e clones promissores do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar da Universidade Federal de Viçosa/RIDESA. Um ensaio preliminar foi conduzido visando à determinação da dose adequada para discriminação de genótipos tolerantes. Foram avaliados 8 genótipos (SP 80-1816, IN 84-82, RB 855036, CB 47-355, RB867515, Q124, 28NE289 e SP 70-4143) em delineamento inteiramente casualizado com três repetições em esquema fatorial (8 genótipos x 5 níveis de Al), e a unidade experimental constituída por 3 plântulas. Após 47 dias de germinação, as plântulas foram transplantadas para bandejas plásticas contendo 10 litros de solução nutritiva padrão (sem Al), permanecendo nesta durante 7 dias para aclimatação. Posteriormente, foram transferidas para solução padrão contendo doses de 0 µM, 500 µM, 1000 µM, 1500 µM e 2000 µM de alumínio na forma de Al2(SO4)3.18H2O. As plantas permaneceram na condição de estresse por 3 semanas, com renovação da solução a cada 7 dias. As variáveis mensuradas foram massa das raízes secas (MSR) e massa da parte aérea seca (MSA). Procedeu-se a análise de variância e agrupamento das médias pelo teste de Scott-Knot a 5% de probabilidade, com auxílio do programa R. Houve diferença significativa (P<0,05) para os efeitos de genótipo, dose e para a interação genótipo x dose, para todos os caracteres. Diante da significância da interação dose x genótipo, foi feito o desdobramento dos efeitos simples dos genótipos dentro de cada dose. Constatou-se que a dose de 1500 µM de Al foi capaz de discriminar com maior eficiência as médias dos genótipos avaliados, sendo escolhida para se efetuar a discriminação e seleção daqueles tolerantes ao alumínio em solução hidropônica. Os genótipos SP 80-1816, RB 855036, RB867515 e Q124 produziram maior massa da parte aérea e das raízes secas, sendo portanto considerados mais tolerantes ao alumínio em solução nutritiva. |