Resumo |
Diante do atual modelo de produção da suinocultura, a criação animal na perspectiva agroecológica se apresenta como alternativa para agricultores/as familiares que buscam soberania e segurança alimentar. O presente trabalho foi desenvolvido pelo grupo de extensão Animais para a Agroecologia a partir de uma demanda surgida em atividade de alternância do curso de Licenciatura e Educação do Campo da UFV. Assim, partindo do interesse de um aluno que também é agricultor no município de Divino, e de um agricultor do município de Pedra Dourada, foi viabilizada a doação de um terno (um macho e duas fêmeas) de suínos da raça Piau a cada agricultor, através do projeto de preservação dessa raça conduzido pelo Departamento de Zootecnia/UFV. Aos agricultores, caberia criar os animais em sistemas agroecológicos e participar de atividades de difusão da raça; ao grupo Animais para Agroecologia, caberia o acompanhamento técnico e a coordenação das atividades de difusão da raça Piau. O acompanhamento dos animais é realizado mensalmente, e são abordados temas sobre nutrição/alimentação, instalações, saúde/sanidade e bem estar dos animais. Em relação à disseminação da raça, o Grupo está realizando o mapeamento de famílias interessadas na criação de porco caipira, através de entrevistas semiestruturadas. Um dos agricultores não conseguiu substituir totalmente o uso de ração comercial, possivelmente devido ao excesso de compromissos, já exerce funções no Sindicato de Trabalhadores Rurais de Divino e era graduando no curso de Licenciatura e Educação no Campo, sendo sua dinâmica na propriedade diferente do agricultor de Pedra Dourada, que desde que recebeu os animais (outubro de 2014) utiliza alimentação orgânica. Um problema identificado, foi a demora na apresentação do cio pelas porcas que recebem apenas alimentos alternativos, já que as porcas alimentadas com ração comercial apresentaram cio com cinco meses de idade. Assim, foi feito o resgate de toda alimentação fornecida aos animais desde a chegada à propriedade. A partir desse histórico, pudemos observar que a quantidade de proteína e água fornecida aos animais estava abaixo do ideal e a quantidade de carboidrato e vitaminas, acima do indicado pela literatura. Foi feito ajuste no cocho que fornecia água e o planejamento da alimentação, a partir da tabulação da quantidade de carboidratos (mandioca, fubá e inhame) e proteínas (capoeira branca, soro de leite de vaca, amendoim forrageiro) a serem fornecidas diariamente. Após 15 dias das mudanças, as porcas apresentaram cio (aos 11 meses de idade). O atraso no cio foi o sentinela para a verificação e adequação do manejo nutricional, com maior atenção à frequência e quantidades fornecidas. A utilização da raça Piau se mostrou interessante na experiência de criação agroecológica, devido a alta rusticidade, entretanto, especial atenção deve ser dada ao manejo nutricional dos animais com os alimentos alternativos. |