Resumo |
Sabe-se que a Souza Cruz S/A contribui para a economia e sociedade quando se analisa seus indicadores de arrecadação, número de empregos gerados no setor de fumos, faturamento e crescimento. No entanto, apesar de assumir que empresas deste ramo geram benefícios à economia do país é inegável os malefícios causados tanto a saúde dos consumidores quanto ao meio ambiente. Assim, torna-se relevante refletir se as empresas que comercializam produtos que geram externalidades negativas à sociedade têm adotado ações que minimizem os impactos de suas atividades. Diante desta concepção, objetivou-se com este estudo identificar as ações divulgadas pela instituição em seus demonstrativos contábeis e sociais e verificar se a entidade se preocupa em minimizar o efeito das externalidades negativas provocadas pelo consumo de seus produtos. Para tanto, conduziu-se um estudo de natureza descritiva, com abordagem qualitativa dos dados. No período compreendido entre 2005 a 2013 foi realizada uma pesquisa documental cujos dados foram coletados nas Demonstrações do Valor Adicionado (DVA), Notas Explicativas (NE), Relatórios da Administração (RA), Relatórios Anuais (RAN), Relatórios de Atividades da Empresa (RAE), Balanços Sociais (BS) e Relatórios de Sustentabilidade (RS), e analisados com base na técnica de análise de conteúdo. Constatou-se que a instituição contribui com a sociedade na medida em que paga tributos, taxas e contribuições incidente em razão do tipo de produto comercializado; incentiva projetos que tem como foco a proibição da venda de cigarros a menores de dezoito anos e erradicação da mão-de-obra infantil e adota estratégias de sustentabilidade realizadas pelo Instituto Souza Cruz. No que tange aos danos gerados a saúde pública, constatou-se que a empresa reconhece que o consumo de seus produtos envolve riscos à saúde, no entanto transfere a responsabilidade pelas externalidades causadas por ela aos consumidores (que escolheram fumar) e ao governo, na medida em que alega desenvolver produtos que representem menor risco potencial aos consumidores e que comercializa apenas para quem decide utilizá-los. Com relação às externalidades negativas causadas ao meio ambiente, seja pelo cultivo do tabaco ou pelo processo produtivo, constatou-se que a companhia não realiza nenhum tipo de ação preventiva, apenas tenta remediá-las através de reflorestamentos e reciclagens. Diante do exposto conclui-se que apesar da empresa reconhecer os problemas e impactos que seus produtos causam tanto a saúde dos seus consumidores quanto ao desgaste do meio ambiente, tem adotado medidas apenas para se adequar ao que a legislação vigente exige; o que revela que suas ações estão aquém do que de fato deveria ser realizado, já que a sociedade e governo arcam com os custos sociais decorrentes de suas atividades. |