Resumo |
A respiração do solo, correspondente à oxidação da matéria orgânica a CO2 por microrganismos aeróbios, tem papel chave no ciclo do carbono nos ecossistemas terrestres. Pequenas alterações no armazenamento de carbono orgânico do solo podem afetar características físicas e químicas desse ambiente e causar impacto na concentração de CO2 atmosférico. Algumas combinações de espécies de plantas podem estimular a comunidade microbiana do solo à mineralizar a matéria orgânica, o que pode ser prejudicial para o funcionamento do ecossistema agrícola. Assim, compreender as interações entre culturas e plantas daninhas e os consequentes impactos da convivência entre plantas sobre a qualidade do solo, é fundamental para direcionar práticas de manejo capazes de manter a produtividade da cultura sem prejudicar a qualidade do solo. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi o de avaliar se a convivência entre plantas daninhas e uma cultura pode estimular a atividade microbiana do solo. O experimento foi instalado em casa de vegetação, onde as plantas daninhas (Bidens pilosa L., Amaranthus viridis L. e Ipomoea grandifolia (Dammer) O´Donell.) e o milho (Zea mays L.) foram cultivadas em vasos. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com oito tratamentos (monocultivo do milho e das plantas daninhas, milho em competição com as plantas daninhas e solo sem planta), com cinco repetições. A concentração de CO2 do solo foi coletada aos 29 e 43 dias após o plantio (DAP) e determinado o fluxo (C-CO2 em μg s-1 m2) no analisador CRDS, G2131-i, Picarro, Sunnyvale, CA. Aos 60 DAP, as plantas foram cortadas rente ao solo e a matérias secas das folhas, caule, raiz e total do milho foram determinadas. A competição com as plantas daninhas não afetou o acúmulo de matéria seca nas folhas e colmo do milho. No entanto, I. grandifolia reduziu a matéria seca da raiz e total da cultura e A. viridis reduziu a matéria seca total da mesma. B. pilosa não prejudicou o crescimento do milho. O fluxo de CO2 aos 28 DAP foi semelhante entre o solo sem cultivo e com os monocultivos de plantas daninhas. Porém, o milho e a convivência deste com as plantas daninhas aumentaram o fluxo de CO2. Aos 43 DAP, o fluxo de CO2 foi superior nos solos cultivados com milho, A. viridis e onde o milho competia com as plantas daninhas. Já o monocultivo de B. pilosa e I. grandifolianão alterou essa variável em relação ao solo sem cultivo. O convívio com I. grandifolia e A. viridis reduz o crescimento do milho. O cultivo do milho, A. viridis e do milho consorciado com as plantas daninhas aumenta o fluxo de CO2 do solo, indicando maior atividade microbiana e, consequentemente, maior potencial de degradação da matéria orgânica. |