Resumo |
As doenças cardiovasculares (DCV) são consideradas no mundo uma das principais causas de óbitos, elas surgem devido a fatores como obesidade, sedentarismo, má alimentação, genética, etc. Essa realidade não é restrita apenas à população urbana, mas também à rural devido ao aumento do consumo de produtos industrializados que são preditores do risco cardíaco e que são ricos em gorduras, carboidratos simples, sódio. Isso se deve à chamada urbanização rural, na qual se observa uma redução na ingestão de frutas e hortaliças que são protetores do surgimento de DCV. Objetivos: avaliar o consumo de alimentos e de nutrientes de risco e proteção cardiovascular em adultos da zona rural de Viçosa-MG, caracterizar a população segundo variáveis demográficas e socioeconômicas. Metodologia: estudo transversal realizado na zona rural do município de Viçosa-MG, contou com 146 participantes com a idade de 25 a 59 anos. Aplicou-se questionário semiestruturado relacionado a variáveis socioeconômicas, demográficas, hábitos alimentares, estilo de vida e história pessoal e familiar de DCV. Foi feito o recordatório de ingestão habitual, além da aferição da pressão arterial. Os dados foram tabulados no programa Excel 2.0, a análise estatística no SPSS versão 22.0 e o cálculo da composição química da dieta no AVANUTRI. Resultados: dos participantes 70,55% (n=103) eram mulheres, 69,20% (n=101) possuíam ensino fundamental incompleto, 45,90% (n = 67) vivem com 1 salário mínimo, 19,20% (n=28) e 26% (n =38) consomem bebidas alcoólicas. Quanto às doenças, 61% (n=89) relatam não ter nenhuma, mas 8,90% (n = 13) afirmam ter Hipertensão Arterial (HA). Em relação aos antecedentes familiares 82,90% (n =121) apresenta parentes com HA. Apenas 15,10% (n = 22) relatam ocorrência de morte de familiar com < 50 anos por DCV. Sobre o consumo alimentar, 36,30% (n=53) consomem 4 ou mais vezes na semana alimentos fritos, ingerem frutas e hortaliças 4 ou mais vezes na semana, 47,90% (n=70) e 82,90% (n=121), respectivamente, 30,10% (n=44) consomem embutidos uma vez na semana, para reduzir a gordura da carne 52,70% (n=76) retiram a gordura aparente das mesmas, 63,70% (n = 93) bebem refrigerante e 64,40% (n=94) não fazem exercícios regulares. O percentual de inadequação de macronutrientes foi maior para a proteína em ambos os sexos (Homens: 83,72%; Mulheres:76,70%). Quanto aos nutrientes preditores de DCV, a gordura saturada teve maior inadequação (Homens: 67,80; Mulheres: 62,79%). Em relação aos protetores do risco cardíaco, a vitamina C e a fibra tiveram maior inadequação e o ácido graxo monoinsaturado a maior adequação. Em 54,68% (n=30) da população que foi aferida a pressão apresentou normalidade. Conclusão: tal população se encontra em risco já que os fatores protetores para DCV estão reduzidos e os preditores aumentados, reconhece-se assim a importância de políticas públicas que visem a prevenção de DCV e a promoção da saúde dessa parcela da população, muitas vezes esquecida pela sociedade. |