Resumo |
A manipulação da dieta é uma ferramenta de extrema importância na mitigação de impactos ambientais e redução dos custos de produção na pecuária leiteira, sendo que, o grande desafio é o fornecimento de uma alimentação de qualidade em quantidade suficiente para que sejam atendidas as exigências nutricionais dos animais nas diferentes fases de vida. Assim, objetivou-se avaliar como o nível de alimentação altera o balanço de compostos nitrogenados e o fornecimento de proteína microbiana no intestino delgado em vacas Holandês × Gir alimentadas ad libitum (AL) e ao nível de mantença (NM) em diferentes fases da gestação. Foram utilizadas 44 vacas Holandês × Gir multíparas, não lactantes, com idade média de 60 meses e peso inicial médio de 460 kg. Os animais foram submetidos a um protocolo de inseminação artificial em tempo fixo (IATF). Após a confirmação de prenhes, as vacas foram aleatoriamente divididas em dois grupos: 20 vacas alimentadas AL e 24 vacas alimentadas NM, sendo que, essas últimas tiveram o consumo restrito a 1,15% do peso corporal com base na matéria seca. As vacas foram alimentadas com uma dieta contendo 11,5% de proteína bruta, composta de silagem de milho e concentrado à base de farelo de algodão, ureia, calcário e suplemento mineral na proporção volumoso:concentrado de 93:7. Foram coletadas fezes de todas as vacas durante 5 dias no final de cada período experimental que correspondia a 28 dias. Amostras de urina spot foram realizadas às 06h00 e 15h00 nos dias 1 e 4, respectivamente. Os dados foram analisados utilizando o PROC MIXED do SAS (versão 9.3). Não houve diferença (P>0,10) na excreção de nitrogênio (N) na urina para vacas AL nas diferentes fases da gestação avaliadas, porém, o consumo de N foi menor (P<0,05) aos 234 e 262 dias de gestação, demonstrando que a excreção de N na urina parece não estar relacionada à ingestão. Vacas AL apresentaram menor (P<0,01) excreção de N nas fezes aos 234 e 262 dias em relação aos dias 122, 150, 178 e 206 de gestação. No entanto, em relação às vacas NM, essas apresentaram excreções semelhantes (P>0,10) durante todas as fases da gestação, indicando que a excreção de N nas fezes está relacionada com a ingestão desse nutriente. A excreção de N nas fezes foi maior (P<0,01) para vacas AL quando comparadas às vacas NM aos 122, 150, 178, 206 e 234 dias de gestação, contudo, não foi observada diferença (P>0,10) aos 262 dias de gestação, fato que pode ser explicado pelo consumo de matéria seca semelhante durante essa fase. A alantoína, ácido úrico, purinas absorvidas e a síntese de proteína microbiana foram maiores (P<0,01) para vacas AL quando comparadas às vacas NM. No entanto, não houve diferença (P = 0,18) para a eficiência da proteína microbiana entre vacas AL e NM. Sugere-se que a alimentação AL não é a mais recomendada para vacas Holandês × Gir multíparas em gestação por proporcionar uma maior excreção de N contribuindo assim, para o aumento do custo de produção e da poluição ambiental. |