Resumo |
No Brasil, observa-se nos últimos anos, um crescimento considerável da demanda de produtos florestais, fato que incentivou o planejamento dos processos produtivos nas empresas. Dentro deste setor, uma das atividades considerada importante é a Colheita Florestal, visto ser a mais onerosa em termos de custos. A Colheita Florestal pode ser definida como um conjunto de operações que visa preparar e levar a madeira até o local de transporte. Existem vários sistemas de colheita de madeira no campo, sendo que, no Brasil, o Sistema de Toras Curtas (cut-to-length) é largamente utilizado na colheita do Eucalyptus. Neste sistema, a árvore é processada no local de derrubada pelo Harvester, e, posteriormente, extraída para a margem da estrada pelo Forwarder, em forma de pequenas toras (até 6 metros). Atualmente é de suma importância um rígido controle de qualidade da Colheita Florestal, na busca de padronizar a atividade e reduzir os custos do processo. Dentre algumas variáveis desta atividade, cita-se a qualidade do descascamento executado pelo cabeçote do Harvester. O descascamento tem por objetivo separar a casca do tronco das árvores. Sabe-se que, esta etapa do processo, além de influenciar na qualidade do produto final, também influencia na produtividade de diversas operações realizadas em projetos florestais. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar as principais operações afetadas pela qualidade do descascamento no processamento da madeira realizado pelo Harvester. As observações de campo e coleta de dados foram realizadas durante as operações de Colheita Florestal em plantios comerciais de Eucalipto nos estados da Bahia e Espírito Santo. A determinação da produtividade operacional das máquinas foi obtida em metros cúbicos de madeira por horas efetivamente trabalhadas (m³/h), utilizando-se dados fornecidos pelo computador de bordo das máquinas. A determinação da porcentagem (%) de casca na madeira foi realizada em duas etapas: 1) avaliação visual em campo; 2) avaliação da carga de madeira recém-chegada ao pátio da fábrica. Ainda, as operações foram filmadas diariamente com uma câmera Sony DSLR-A700 para realização de estudos em laboratório. A primeira operação monitorada foi o corte e processamento da madeira realizado pelo Harvester. A análise dos dados de produtividade (m³/h) x sujidade da madeira (%) permitiu concluir que a produtividade desta operação foi fortemente afetada (em torno de 20%) quando o descascamento se mostrou ineficiente, devido à necessidade de mais movimentações da madeira pelos rolos do cabeçote. Quanto à etapa de extração, constatou-se que, em pilhas com alto teor de casca e resíduos, resultado de um descascamento insatisfatório, o desempenho do Forwarder foi afetado devido à maior dificuldade da garra em reunir e apanhar a madeira na pilha. E por fim, constatou-se que um descascamento satisfatório gera menor exportação de nutrientes do solo pós-colheita, diminuindo assim, os custos da adubação posterior. |