Resumo |
O mofo branco (MB), causado por Sclerotinia sclerotiroum é uma das principais doenças fúngicas do feijoeiro. Não há cultivares de feijão resistentes ao MB e o método de controle mais utilizado é a aplicação de fungicidas. Em áreas com histórico de MB até oito aplicações de fungicidas têm sido realizadas. Os fungicidas geralmente aplicados são, tiofanato-metílico (TM), fluazinam ou procimidone. Entretanto, o uso intensivo destes produtos pode selecionar indivíduos resistentes e, consequentemente, levar a falhas de controle. Os objetivos do trabalho foram i. determinar doses discriminatórias para facilitar o monitoramento da sensibilidade de isolados de S. sclerotiorum aos fungicidas fluazinam, procimidone e TM; ii. avaliar a sensibilidade da população de S. sclerotiorum associada ao MB em feijoeiro no Brasil aos fungicidas citados acima; e iii. identificar o mecanismo envolvido na resistência ao TM. Doses discriminatórias foram determinadas com base no crescimento micelial de 31 isolados em seis concentrações de cada fungicida. A concentração escolhida foi aquela em que os isolados cresceram menos que 25% em relação ao tratamento controle. Posteriormente, 282 isolados foram avaliados quanto à sensibilidade aos fungicidas utilizando as doses discriminatórias. A estimativa de CE50 foi calculada para cada isolado em cada fungicida. O delineamento foi inteiramente casualizado, com quatro repetições. Os experimentos foram realizados duas vezes. Sequências parciais do gene da β-tubulina foram obtidas utilizando DNA de 7 isolados sensíveis e um resistente ao TM. As doses discriminatórias determinadas foram 5; 0,05; e 0,5 μg/mL, para TM, fluazinam e procimidone, respectivamente. A CE50 variou de 0,38 a 2,23 μg/mL; 0,003 a 0,007 μg/mL; e de 0,11 a 0,72 μg/mL para TM, fluazinam e procimidone, respectivamente. As CE50 médias foram 1,16; 0,005; e 0,35 μg/mL, para TM, fluazinam e procimidone, respectivamente. Apenas um isolado (Ss-7) foi resistente ao TM. Não houve resistência a fluazinam ou procimidone. Nas doses discriminatórias, o crescimento micelial dos 282 isolados variou de 15 a 40%, 16 a 35% e 14 a 28%, em comparação ao tratamento controle, para TM, fluazinam e procimidone, respectivamente. A resistência ao TM provavelmente foi causada por uma mutação no códon 240 do gene da β-tubulina. Essa mutação substituiu uma leucina por uma fenilalanina (L240F). Não houve diferença entre Ss-7 e isolados sensíveis quanto ao crescimento micelial, número de escleródios e agressividade. A resistência aos fungicidas TM, fluazinam ou procimidone é rara ou não existente na população de S. sclerotiorum causando MB em feijão no Brasil. |