Conexão de Saberes e Mundialização

19 a 24 de outubro de 2015

Trabalho 4200

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática História
Setor Departamento de História
Bolsa PIBIC/CNPq
Conclusão de bolsa Sim
Apoio financeiro CNPq
Primeiro autor Jéssica Rodrigues Vieira
Orientador JONAS MARCAL DE QUEIROZ
Título Entre a reclusão e a transgressão: um estudo dos testamentos das mulheres marianenses (1780-1822)
Resumo O presente trabalho busca elucidar a atuação social das mulheres marianenses e os diversos papéis por elas desempenhados, na virada do século XVIII para o XIX, em sua relação com a religiosidade, com o trabalho, com a família, com os filhos ilegítimos e a chefia do domicílio. Para tanto, utilizamos como principal fonte documental 106 testamentos transcritos nos inventários post-mortem do 1º ofício, pertencentes à Casa Setecentista de Mariana e digitalizados pelo Laboratório Multimídia de Pesquisa Histórica (LAMPEH) – o qual é vinculado ao Departamento de História da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Ao tratar de relatos individuais, de última e derradeira vontade – afinal, ele é produzido, geralmente, em momentos de enfermidade ou idade avançada como preparação para o “bem morrer” –, a produção testamentária possibilita a expressão de singularidades por meio dos desejos e legados dos testadores. Tal momento possibilita ao moribundo conciliar-se com sua consciência para que “quando desse mundo sua alma partir” possa garantir sua salvação espiritual. Nesse sentido, o testador se ocupada dos legados pios, do detalhamento do enterro, do cumprimento das dívidas, das solicitações de sufrágios, das doações aos herdeiros, além dos pedidos de intercessão de santos e santas da “corte celestial”. A utilização dos testamentos como fonte histórica possibilitou agregar mulheres de grupos sociais distintos; de condições diversas de composição familiar e filiação; de diferentes origens. A percepção da mulher como inferior ao homem remonta a uma tradição intelectual aristotélica, na qual as disparidades entre os sexos são enfatizadas. Nesse sentido, o universo masculino remeteria à cultura, sendo o homem, portanto, portador da razão e responsável pela politica. O feminino, em contrapartida, estaria relacionado à natureza, delegando à mulher maior subjetividade e condicionando-a a vida privada. Percebemos que a condição social das testadoras esteve, em certa medida, relacionada ao comportamento adotado por elas, de modo que as mulheres pobres ou “forras” demonstraram em seus testamentos maior autonomia. Entretanto, consideramos que elas agiram, para além do binômio “submissa versus transgressora”, tecendo relações complexas na trama social. Ressaltamos ainda a contribuição da História das Mulheres e das Relações de Gênero para a historiografia. Afinal, as análises que consideram as relações de gênero contribuem de maneira significativa para compreensão das construções culturais historicamente produzidas no que tange ao sexo, de modo a superar as dicotomias equivocadamente compreendidas como naturais.
Palavras-chave História das mulheres, gênero, testamentos.
Forma de apresentação..... Painel
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