Resumo |
Atualmente as microalgas são consideradas promissoras matérias-primas para a produção de bioenergia. A sustentabilidade do processo de cultivo de microalgas e sua utilização para obtenção de energia dependem do máximo aproveitamento do potencial energético da biomassa algal e do barateamento dos custos de cultivo. A produção de microalgas para fins energéticos utilizando água residuária como meio de cultivo constitui-se em uma interessante estratégia, uma vez que há o tratamento de efluentes, que possibilitará menor aporte de cargas poluidoras aos corpos d’água, além da reciclagem das águas residuárias e dos nutrientes. A proposta desse estudo, foi avaliar a produção de biogás através da digestão anaeróbia de biomassa algal cultivada em lagoas de alta taxa, utilizando esgoto doméstico pré-tratado como meio de cultivo. Para isso, foram realizados testes de atividade metanogênica específica (AME), biodegradabilidade anaeróbia, potencial de produção de biogás (PPB) e toxicidade anaeróbia, bem como a caracterização física e química do lodo e da biomassa, utilizados respectivamente como inóculo e substrato para a digestão anaeróbia. O cálculo da AME foi baseado na inclinação máxima da curva de produção acumulada de biogás. A biodegradabilidade e o PPB foram calculados com base na massa de substrato utilizada nos testes e a produção acumulada de biogás ao final dos 30 dias de incubação. A avaliação do teste de toxicidade anaeróbia foi baseada nos testes de AME variando concentrações de glicose e biomassa residual nos frascos, através do ajuste de um modelo de regressão múltipla não linear. Os resultados indicaram que da relação alimento/microrganismo (A/M) igual a 4, 6 e 8, a relação 8 foi a mais adequada para o teste de AME. Os resultados de PPB encontrados foram 0,27 m³biogás/kg STV para a relação A/M igual a 4 e 0,22 m³biogás/kg STV para a relação A/M 6 e 8. Esses resultados se mostraram de acordo com a literatura, indicando a viabilidade do uso de esgoto doméstico como meio de cultivo para a produção de biomassa algal para geração de biogás. No entanto, ressalta-se a difícil degradabilidade anaeróbia da biomassa algal, com valores médios de 20% de degradação independente da relação A/M. Os resultados do teste de toxicidade indicaram concentrações ótimas de biomassa algal e de glicose 3,7 e 6,1 g/L respectivamente. Fora desse ponto ótimo foi possível observar inibição e/ou limitação na geração de biogás. Os testes com máxima concentração de glicose e biomassa algal indicaram o efeito positivo da co-digestão da biomassa algal com outro substrato rico em carbono. |