Resumo |
Leishmania spp., protozoário responsável pela leishmaniose, pode ser transmitido pela picada de fêmeas de algumas espécies de flebotomíneos, dípteros da família Psychodidae. O município de Timóteo apresenta registro da presença de flebotomíneos, porém a investigação sobre a infecção por leishmania ainda necessita de esclarecimentos. Além da área urbana do município, pouco se sabe a respeito da ocorrência de infecção de flebotomíneos existentes no Parque Estadual do Rio Doce (PERD), apesar do registro de casos de leishmaniose em funcionários e visitantes do parque. O presente estudo teve como objetivo investigar a ocorrência de infecção natural por Leishamania spp. em flebotomíneos capturados no PERD e na área urbana do município de Timóteo. Foram realizadas coletas mensais de flebotomíneos entre o período de setembro de 2012 e fevereiro de 2014, utilizando armadilhas luminosas do tipo HP. Doze armadilhas foram distribuídas ao longo da trilha do Juquita, no PERD, e 19 armadilhas foram instaladas em residências da área urbana do município. Os flebotomíneos machos capturados foram montados em lâminas e lamínulas e identificados em nível de espécies. As fêmeas capturadas foram dissecadas e identificadas de acordo com visualização do cibário e espermateca, em seguida foram realizadas extração de DNA e PCR para amplificação do gene ITS, para pesquisa de infecção natural por Leishamania spp. Foram capturados 5.929 flebotomíneos, sendo 66,4% na área urbana do município de Timóteo e 33,6% no PERD (área silvestre). Entre os flebotomíneos capturados na área urbana, 1.250 (31,8%) eram machos e 2.686 fêmeas (68,2%), as espécies predominantes foram Nyssomyia whitmani (44,2%) e Nyssomyia intermedia (12,1%). Dos flebotomíneos coletados no PERD, 776 eram machos (38,9%) e 1.217 fêmeas (61,1%), as espécies predominantes foram Pressatia choti (19,1%), Psychodopygus davisi (15,6%), Nyssomyia intermedia (11,3%). A pesquisa de infecção natural identificou 1,5% (57) de fêmeas positivas, sendo 10,5% coletada no PERD e 89,5% na área urbana. Na área urbana, as espécies de flebotomíneos mais frequentemente infectadas foram: Nyssomyia whitmani (38 exemplares) e Nyssomyia intermedia (7 exemplares). Na área do PERD, as espécies positivas foram Psychodopygus davisi (2 exemplares) e Pressatia choti (4 exemplares). Nenhuma das espécies positivas encontradas no PERD são consideradas vetores, já as espécies Nyssomyia whitmani e Nyssomyia intermedia, encontradas com infecção na área urbana do município, são vetores reconhecidos de Leishmania brasiliensis. Os resultados obtidos confirmam a transmissão da leishmaniose na área urbana do município e chama atenção para um ciclo envolvendo espécies até o momento não reconhecidas como vetores na área silvestre do PERD. Os achados também alertam para a necessidade de maior atenção na prevenção e controle da leishmaniose humana tanto no PERD quanto na área urbana do município. Agências de fomento: CNPq, Capes, Fapemig, Ministério da Saúde. |