Resumo |
A melhoria da qualidade do solo é um dos grandes desafios das áreas em processo de recuperação. Solos degradados pela atividade de mineração possuem dificuldades para o estabelecimento da cobertura vegetal, pois tem suas características químicas, físicas e biológicas profundamente alteradas. Nesse contexto, a quantificação dos fluxos de CO2 podem, no curto prazo, fornecer informações relevantes sobre a eficiência das práticas de manejo adotadas. O objetivo deste trabalho foi quantificar o fluxo de CO2 em áreas pós mineração de bauxita em processo de recuperação com espécies florestais. O estudo foi conduzido no município de São Sebastião da Vargem Alegre, Minas Gerais, em área onde houve a extração de bauxita pela Votorantim Metais. O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados em parcelas subdivididas com três repetições. As parcelas foram formadas pelas seguintes coberturas florestais: eucalipto (Eucalyptus urograndis), angico vermelho (Anadenthera macrocarpa) e plantio misto composto por 16 espécies florestais nativas. As subparcelas foram compostas por tratamentos de adubação. Para a estimativa do fluxo de CO2 foram instaladas nestas coberturas, em triplicatas no solo, câmaras feitas em PVC (0,20 x 0,30 m), com e sem aporte de serapilheira e, também, em duas áreas de referência (mata atlântica e área sem planta). O gás emitido foi coletado com auxílio de seringas nos tempos 0, 10, 20 e 40 mim após o fechamento das câmaras, para posterior leitura em analisador de amostras gasosas CRDS (cavity ring-down spectroscopy; Picarro, Sunnyvalle, CA). Os dados foram submetidos a análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. Os tratamentos com deposição de serapilheira apresentaram valores de fluxo de CO2 significativamente maiores em relação aos tratamentos onde a deposição de serapilheira não aconteceu. Este maior fluxo de CO2 nos tratamentos com deposição de serapilheira se deve a maior oferta de substrato lábil para a microbiota do solo, resultando em uma maior atividade microbiana nessas áreas. Ao comparar os tratamentos com deposição de serapilheira e a mata em estágio secundário de regeneração, observou-se que as coberturas florestais estudadas apresentaram fluxo de cerca 35 mg m-2 h-1, ou seja, 60% em relação ao apresentado pela mata remanescente. Observou-se que a implantação das espécies florestais favoreceu o fluxo de CO2 cerca de quatro vezes em relação a área sem planta, onde a emissão de CO2 não chega a 5,5 mg m-2 h-1. Pode-se concluir que as três coberturas florestais estudadas não diferiram entre si em relação a emissão de CO2 após 4 anos de implantação do experimento. Os tratamentos onde houve a deposição de serapilheira apresentaram maior emissão de CO2 em relação aos tratamentos com remoção de serapilheira. A mata atlântica remanescente utilizada como referência foi a área que apresentou maior emissão de CO2 em relação a todas as outras áreas estudadas. |