Resumo |
Atualmente existem cerca de 25 mil espécies válidas para a ordem Orthoptera, que está dividida em duas subordens: Caelifera e Ensifera. Dentre os Orthoptera que habitam a serapilheira de florestas neotropicais, a subfamília Nemobiinae (Grylloidea: Trigonidiidae) tem se mostrado como um dos grupos mais abundantes. Atualmente são conhecidas 328 espécies deste grupo, distribuídas em seis tribos e 54 gêneros, sendo que desse total apenas oito têm sua ocorrência registrada para o Brasil (Argizala Walker, 1869; Pteronemobius Jacobson & Bianchi, 1904; Hygronemobius Hebard, 1915; Zucchiella de Mello, 1990; Phoremia Desutter-Grandcolas, 1993 e Amanayara de Mello & Jacomini, 1994; Kevanemobius Bolfarini & de Mello, 2012; Pepoyara de Mello & Capellari, 2012). Neste trabalho descrevemos um novo gênero para subfamília Nemobiinae baseado em um holótipo coletado no Estado do Espírito Santo. As fotografias do hábito do macho e da fêmea foram realizadas em diferentes planos focais como auxílio de um estereomicroscópio Zeiss V20 equipado com câmera digital MRc. A genitália masculina foi extraída, tratada com KOH e também fotografada em diferentes planos focais. Este novo gênero é caracterizado pela combinação dos seguintes caracteres: (i) machos e fêmeas com tégminas morfologicamente similares; (ii) tégminas reduzidas, não atingindo o terceiro segmento abdominal; (iii) campo dorsal das tégminas com veias paralelas, sem veia estridulatória ou qualquer área especializada para a produção de sons; (iv) tíbias anteriores sem tímpano; (v) tíbias posteriores com quatro esporões dorsais internos e externos, sendo os internos superiores de aspecto glandular e os inferiores com vestígios de glândula ventral; (vi) ovipositor com porção distal das valvas dorsais e ventrais serrilhadas; (vii) lobo mediano do pseudoepífalo apresentando projeções apicais e ventrais. Este novo gênero apresenta uma proximidade morfológica com outros três gêneros neotropicais de Nemobiinae: Amanayara, Pepoyara e Kevanemobius. Esta proximidade é caracterizada pela presença de esporões na tíbia do último par de pernas com aspecto glandular e ovipositor com porção distal das valvas dorsais serrilhadas. No entanto, em Kevanemobius e no novo gênero o esporão inferior da tíbia posterior apresenta uma glândula ventral vestigial. |