Resumo |
A ergonomia busca a adaptação do ambiente de trabalho ao trabalhador, mas este processo é, muitas vezes, negligenciado pelas empresas na tentativa de diminuir custos e acelerar o processo produtivo. A aceitação de projetos ergonômicos por parte da alta direção é baixa, pois estes julgam essa área como um gasto para o conforto dos funcionários, sem retorno financeiro para a empresa, já que os benefícios normalmente são observados de forma intangível. Este trabalho teve como objetivo analisar o custo e benefício da intervenção ergonômica em uma operação de extração florestal, visando melhorar as condições de trabalho, saúde e bem-estar dos operadores e analisar o retorno econômico para a empresa. Dois métodos foram estudados: a extração florestal manual e a extração mecanizada, por meio do sistema de cabos aéreos, da marca austríaca Koller, modelo K301. A avaliação foi feita por meio de um software desenvolvido pelo pesquisador Richard Goggins, o “Cost-Benefit Calculator”, o qual foi modificado para se enquadrar aos dados econômicos brasileiros. Com o software foi possível a comparação entre os dois métodos, sendo que o segundo buscou eliminar os problemas da não ergonomia do primeiro, como posições não conformes e excesso de carga. Como resultados, obteve-se a estimativa de lucro líquido da extração de madeira pelo método manual de R$27.844,81 em sete anos, com investimento inicial de R$5.000,00, enquanto na extração por cabos aéreos esse lucro, no mesmo período, é de R$82.263,27, mesmo com investimento inicial de R$609.500,00 e custo anual de R$9.370,00. Esse ganho econômico não era esperado pela empresa, mas como a mudança ergonômica diminuiu os problemas de saúde dos operários, uma vez que suas posturas foram trazidas para os índices de conformidade de saúde e conforto dos trabalhadores, houve uma diminuição nos gastos com tratamentos médicos, processos judiciais e treinamentos de novos funcionários. Além disso, com melhores condições de trabalho, a produtividade dos operários aumentou e os índices de absenteísmo, perda de materiais, acidentes de trabalho, entre outros, diminuiram. Portanto, concluiu-se que a intervenção ergonômica não atingiu apenas os trabalhadores, mas também o financeiro da empresa, tornando sua implementação cada vez mais atrativa para ambas as partes. |