Resumo |
A murcha-de-Ceratocystis causada por Ceratocystis fimbriata foi recentemente relatada em kiwi (Actinidia deliciosa), cujo agente causal foi provavelmente confundido com Phytophthora sp. por mais de duas décadas. Atualmente, a doença tem causado perdas anuais na kiwicultura superiores a 40%, sendo considerado uma ameaça ao cultivo da fruta no sul do Brasil. O controle dessa doença em eucalipto e manga tem sido feito com sucesso mediante o plantio de genótipos resistentes, selecionados por meio de inoculações artificiais sob condições controladas. No entanto, nas inoculações, é fundamental empregar isolados altamente agressivos que infecte uma ampla gama de genótipos da planta,uma vez que pode haver interação isolado do patógeno - clone do hospedeiro. Assim, o presente trabalho objetivou avaliar a agressividade de dois isolados de C. fimbriata obtidos de kiwi, bem como avaliar a resistência de uma progênie de meio-irmãos da variedade Bruno. Os isolados PG01 e PCT01, coletados em Farroupila-RS, foram transferidos para placas de Petri contendo o meio de EMLA (Extrato de Malte Levedura Agar) e mantidos por 10 dias a 25 oC. Mudas seminais de kiwi com três meses de idade, foram divididas em dois lotes contendo 35 plantas cada, e usadas para a inoculação dos dois isolados previamente selecionados. A inoculação foi conduzida por meio do ferimento realizado na base do caule das plantas, e substituindo a porção de casca removida por discos de micélio do fungo. Plantas testemunhas foram inoculadas com disco contendo apenas meio de cultura, sem o fungo. Posteriormente, as plantas foram mantidas em casa de vegetação com temperatura controlada. O comprimento da lesão nos tecidos internos do caule foi avaliado 50 dias após a inoculação ou, em alguns casos, no momento da morte da planta. A incidência foi determinada dividindo-se o numero de plantas murchas ou mortas pelo numero total de plantas inoculadas, e multiplicando-se por 100. Ao final do experimento, os dois isolados testados diferiram em níveis de agressividade. O isolado PG01 apresentou maiores valores de intensidade da doença que o isolado PCT01, causando um comprimento médio de lesão de 33.18 cm contra 19.57 cm, respectivamente. Para a incidência da doença, o isolado PG01 foi capaz de matar ou causar murcha em 22 das 35 plantas inoculadas, enquanto o isolado PCT01 foi capaz de matar ou causar murcha em 14 das 35 plantas inoculadas. A progênie de meios-irmãos (Bruno como fêmea) avaliada no presente trabalho continha, ao todo, 70 indivíduos. Trinta e cinco indivíduos foram afetados pelo patógeno, sendo considerados como suscetíveis. Os indivíduos restantes não mostraram nenhum sintoma interno ou externo da doença durante todo o experimento, sendo considerados como resistentes. As plantas resistentes foram clonadas e serão testadas com outros isolados do fungo, de modo a obter porta - enxertos com resistência de amplo espectro. |