Resumo |
A lignina é um polímero natural, gerado como resíduo ao final do processo de produção de polpa celulósica. Tem sido pouco aproveitada: apenas uma pequena quantidade da lignina gerada nas indústrias de celulose é precipitada e comercializada, porém, existe forte tendência em dá-la um aproveitamento mais nobre. Diversos trabalhos já foram realizados com o objetivo de adicioná-la aos adesivos fenólicos utilizados para a colagem da madeira. Objetivou-se avaliar a viabilidade de utilização da lignina Kraft na produção de adesivos para a madeira. Para isso, estudou-se a solubilidade da lignina Kraft em água e em solventes orgânicos (álcool e hexano), e avaliou-se sua miscibilidade em adesivo comercial fenol-formaldeído. Utilizou-se lignina extraída por precipitação do licor de cozimento Kraft de madeira de Eucalyptus sp., seca, em pó, e para melhorar sua dispersão e homogeneização de sua granulometria, foi submetida à pulverização com peneira de 200 mesh. Para avaliar a solubilidade da lignina Kraft em água, foram realizadas misturas simples de água e lignina, nas proporções 1:1, 1:2 e 1:3, nas temperaturas de 25, 50, 70 e 95 °C; a solubilidade em álcool (70%) e em hexano (CH₃(CH₂)₄CH₃) foi avaliada a partir de misturas simples do solvente e da lignina, nas proporções 1:1, 1:2 e 1:3, à temperatura ambiente. Para avaliar o potencial de interação da lignina Kraft com o adesivo comercial fenol-formaldeído, realizaram-se mistura simples, inicialmente com agitação manual e posteriormente em batedeira laboratorial, por 5 e 15 minutos, respectivamente. As misturas foram realizadas com adição de lignina ao adesivo comercial fenol-formaldeído nas porcentagens de 5, 10, 15 e 20%, em massa, e o adesivo comercial sem nenhuma adição de lignina constituiu a Testemunha. A lignina não se apresentou totalmente solúvel em nenhum dos solventes testados, e quando misturada em água, sua solubilidade diminuiu conforme a temperatura do solvente foi elevada; na mistura com álcool houve formação de fases; e não foi possível observar interação com o hexano, visto que o solvente volatilizou-se rapidamente. Através da análise visual das misturas realizadas, percebeu-se que somente a mistura simples da lignina não foi suficiente para sua homogeneização: houve formação de grânulos mesmo quando a agitação foi realizada pela batedeira e, quanto maior a quantidade de lignina adicionada, menos homogênea a mistura se apresentou. Os resultados observados neste trabalho demonstram um potencial de utilização da lignina Kraft na indústria de adesivos, porém, com ressalvas: os testes de solubilidade em água e em solventes orgânicos não foram satisfatórios, e descartou-se a sua solubilização como forma de aumentar sua reatividade; a interação entre a lignina Kraft e o adesivo comercial fenol-formaldeído é possível, porém, somente a mistura simples não é suficiente para produzir uma substancia com características semelhantes ao adesivo comercial já utilizado pela indústria. |