Resumo |
Adolescência é um período da vida em que ocorrem alterações biológicas e psicossociais que podem influenciar na avaliação da imagem corporal, que representa o modo como o indivíduo se percebe, se sente e se comporta em relação ao seu corpo. Nesse sentido o presente trabalho teve como objetivo avaliar a imagem corporal em relação à situação nutricional, composição corporal e comportamento sedentário de adolescentes do sexo feminino. Trata-se de um estudo transversal, realizado com adolescentes do sexo feminino de 14 a 19 anos de idade, escolares do município de Viçosa-MG. Faz parte de um estudo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com seres humanos da Universidade Federal de Viçosa (número do parecer 700.976). Em uma sala da escola, coletou-se as informações sociodemográficas e se fez a avaliação da imagem corporal pelo Body Shape Questionnaire (BSQ) e pela escala de silhuetas validada para adolescentes brasileiros. Aferiu-se a estatura com estadiômetro portátil e o peso e o percentual de gordura (%GC) em uma balança digital (Tanita BC-543®). Ainda na escola, o comportamento sedentário foi avaliado pelo tempo de tela (TT): tempo em frente à televisão, computador, vídeo game e tablets; e também, pelo tempo de tela do celular (TC), ambos avaliados por um dia. O TT e TC mais que 2h foram considerados comportamento sedentário elevado. Na Divisão de Saúde da UFV fez-se a avaliação das dobras cutâneas tricipital, bicipital, subescapular e suprailíaca e dos perímetros da cintura e do quadril. Após aferição dessas medidas calculou-se o índice de massa corporal (IMC) e relação cintura-estatura (RCE). Todas as medidas foram realizadas somente por uma avaliadora devidamente treinada. A amostra foi composta por 274 adolescentes. A maioria (81,6%) encontrava-se eutrófica pelo IMC, já pelo %GC, 29,6% eram eutróficas, 29,2 % em risco de sobrepeso e 24,7% com sobrepeso. O comportamento sedentário foi elevado em 68,2% pelo TT e em 54,7% pelo TC. Quase metade da amostra (45,7%) apresentou nível de insatisfação corporal de leve a grave pela avaliação pelo BSQ. Pela escala de silhuetas, 35,6% desejaram uma silhueta menor que sua silhueta atual e 14,6% desejaram uma silhueta maior. O PC (OR = 11,94, IC = 2,744 – 51,728) e a RCE (OR = 10,535, IC = 3,109 – 35,698) foram as medidas que mais se associaram com a insatisfação corporal. Conclui-se que somente os parâmetros antropométricos apresentaram relação com avaliação da imagem corporal. Houve diferença na classificação da situação do estado nutricional pelo IMC e pela avaliação da gordura corporal. A maioria apresentou comportamento sedentário elevado, pelo TT e TC. A insatisfação com a imagem corporal manifestou-se aproximadamente na metade das adolescentes, a maioria desejando uma silhueta menor que a atual. Percebe-se a importância de se avaliar diferentes variáveis da composição corporal e do estilo de vida das adolescentes para se verificar os fatores que podem estar mais relacionados com sua imagem corporal. |