Resumo |
As doenças e lesões ósseas são condições que afetam diretamente a qualidade de vida, são frequentes no crânio, resultando em defeitos ósseos em que a intervenção cirúrgica se faz necessária, uma vez que esses defeitos, enquanto se mantém abertos, provocam altos índices de lesões cerebrais e disfunções neurológicas. Sendo assim, objetivou-se com esse trabalho, avaliar a regeneração de defeitos ósseos cranianos tratados com biomateriais e células-tronco utilizando a tomografia microcomputadorizada (MicroCT), técnica que traz como vantagem principal a avaliação rápida, tridimensional e em nível microscópio de toda a região de interesse. Assim, utilizou-se amostras obtidas após realização do defeito e tratamento com células-tronco mesenquimais (CTM), fibroína de seda (FS), compósito de fibroína de seda e hidroxiapatita (FS+HA), a combinação de CTM+FS+HA ou o grupo controle em que nenhum tratamento foi realizado, após 30 dias de processo regenerativo. Para isso, foram escaneadas três amostras por vez, em um total de 6 amostras por grupo. A metodologia foi desenvolvida iniciando-se seleção do centro do defeito e, a partir dele, calculando 4mm para cada extremidade, baseado no tamanho inicial do defeito. Para tal, selecionou-se o centro aproximado do defeito pela imagem de escaneamento inicial, selecionando o corte de maior diâmetro. A seleção do volume de interesse foi realizada no corte central pela delimitação da área a ser incluída, marcando-se retas na face convexa e face côncava do defeito, o mais próximas possíveis da superfície do osso. Em seguida, realizou-se a reconstrução tridimensional e cálculo do volume ósseo, volume total do defeito. Na análise quantitativa por MicroCT pode-se observar que para o parâmetro volume ósseo pelo volume total (BV/TV), houve diferença significativa entre os grupos CTM+FS+HA e FS+HA (p<0,05), com o último apresentando a maior média. Para o mesmo parâmetro de BV/TV também foi observada diferença na média das amostras com CTM+FS e FS (p<0,05), com a média do grupo FS sendo maior. Para analisar a MicroCT, avaliaram-se ainda seus resultados com base nas análises clínicas, radiográficas e histomorfométricas, rotineiramente utilizadas para esse fim. Observou-se que o grupo que recebeu CTM e FS+HA apresentou maior média de formação óssea do que os grupos FS e controle. De forma semelhante, o grupo que recebeu CTM e FS+HA apresentou maior formação de matriz provisória do que todos os outros grupos. Os resultados obtidos com a histomorfometria não foram condizentes com aqueles da MicroCT, uma vez que no primeiro observou-se que o grupo com maior formação óssea foi aquele que recebeu o tratamento com CTM+FS+HA. Sendo assim, é possível observar que a MicroCT é um importante método de avaliação da regeneração de defeitos ósseos, mas que a metodologia de seleção do volume de interesse pode influenciar grandemente os resultados, assim como a fase do processo regenerativo avaliada, nesse caso, condizente com a fase inicial. |