Resumo |
Com o aumento do número e da qualidade dos equinos, observa-se crescimento da exigência atlética dos mesmos. Isso, associado à característica das provas de marcha, que exigem um grande esforço físico do animal, principalmente sobre o sistema musculoesquelético, gera alta incidência de afecções do sistema locomotor. Dentro do conjunto de enfermidades do sistema locomotor está a dor lombar. A estabilidade da coluna é conhecida por ser um importante contribuinte para a patogênese da dor lombar em humanos. Estudos em suínos confirmaram que o músculo multífidus é o maior estabilizador da coluna em quadrúpedes. Em equinos com dor lombar, atrofia generalizada secundária da musculatura epaxial foi relatada por alguns autores. O objetivo desse estudo foi mensurar a área do músculo multífidus da região toracolombar de equinos da raça Mangalarga Marchador que não apresentem dor lombar com auxílio da ultrassonografia, determinando a área media desse músculo nessa raça em pontos específicos. Isso determina se há diferença entre a área muscular entre os pontos de medição, avalia a simetria entre o músculo dos lados direito e esquerdo e serve como subsídio para comparar a área muscular de equinos normais e portadores de dor lombar. Foram utilizados 20 animais marchadores, com idade entre 4 e 12 anos, de ambos os sexos, em atividade e que não apresentassem queixa de claudicação ou dor lombar. Nesses animais foram adquiridas imagens ultrassonográficas na décima, décima-segunda, décima-quarta, décima-sexta, décima-oitava vértebras torácicas (T10, T12, T14, T16 e T18) e na terceira e quinta vértebra lombar (L3 e L5) usando um transdutor setorial de 3,5 MHz, sendo obtidas 6 imagens de cada segmento (3 para o antímero esquerdo e 3 para o direito). Um software próprio foi utilizado para a mensuração da área seccional do músculo direito e esquerdo das imagens obtidas nos 7 níveis vertebrais dos 20 animais examinados. Para cada imagem obtida, a área muscular foi medida 3 vezes pela mesma pessoa. O resultado da mensuração mostrou que o músculo apresenta media de 7,28 cm² na vértebra T10, 7,68 cm² na T12, 7,85 cm² na T14, 7,88 cm² na T16, 7,61 cm² na T18, 7,38 cm² na L3 e 7,32 cm² na L5. Não houve diferença estatística no tamanho muscular entre o lado esquerdo e direito. Apesar da diferença na forma e ecogenicidade observada nos diferentes pontos de medição, pode-se considerar que existe uma regularidade nos valores de área seccional ao longo dos segmentos analisados. Foi observada uma correlação direta entre sexo e tamanho muscular médio, os dados indicaram que garanhões apresentaram maior área em relação a fêmeas e machos castrados. Portanto, para uma análise mais apurada deve-se separar esses dois grupos e considerar suas diferenças. A mensuração ultrassonográfica de determinados músculos pode ser considerada um método não invasivo para o monitoramento muscular e diagnóstico de dor lombar em equinos desde que sejam consideradas características como raça e sexo. |