Resumo |
A síndrome metabólica consiste em um conjunto de desordens metabólicas de repercussões sistêmicas, acometendo os mais diversos órgãos, e possui a obesidade como um de seus principais fatores. Este estado é considerado fator de risco para uma série de doenças crônicas, incluindo diabetes, doenças cardiovasculares e câncer. O acúmulo de triacilgliceróis nos tecidos em consequência de uma alimentação hiperlipídica contribui para, além das desordens inflamatórias, outras anormalidades, incluindo uma deficiência no sistema de defesa antioxidante celular como, por exemplo, a enzima antioxidante superóxido dismutase (SOD). O malondialdeído (MDA) é o principal produto tóxico da peroxidação de ácidos graxos poli-insaturados e sua presença leva a graves danos intracelulares, que podem ser diminuídos pela atuação da chaperona HSP72. Esta proteína possui um importante papel na via de sinalização anti-inflamatória e protege as células contra diversas condições de estresse, agudo e crônico. Os produtos naturais surgem como uma alternativa para atenuar esse quadro, como o extrato das folhas de manga (Mangifera indica L.) e a mangiferina, que possuem propriedades antioxidante e anti-inflamatória. O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito do extrato da folha de Mangifera indica L. e da mangiferina isolada do mesmo, na prevenção das alterações no tecido hepático decorrente da ingestão de dieta de cafeteria por meio da avaliação da peroxidação lipídica, atividade da SOD e análise da expressão gênica da proteína HSP72. Ratos wistar foram divididos em 3 grupos (n=8) e alimentados por 7 dias com dieta comercial e por mais 8 dias com a dieta de cafeteria (DC) (G1). Acrescido à dieta, receberam por gavagem o extrato das folhas de manga (G2) e a mangiferina (G3). Os animais foram então eutanasiados e o fígado armazenado (-80°C). No fígado analisou-se a peroxidação lipídica pela determinação de MDA, além da atividade antioxidante da enzima SOD e a expressão gênica da HSP72 por RT-PCR (Reverse transcription polymerase chain reaction). Não houve diferença significativa na peroxidação lipídica entre os grupos. Houve aumento na atividade da SOD tanto no grupo que recebeu o extrato acrescido à dieta de cafeteria (G2) (84,02 ± 3,62) quanto no grupo que recebeu a DC e a mangiferina (G3) (101,48 ± 12,77). Ambos foram comparados ao grupo controle (G1), que recebeu apenas a DC (34,28 ± 12,77) (p<0,02). A mangiferina demonstrou exercer efeito sobre o mRNA da HSP72, elevando significativamente a sua expressão, enquanto o extrato não interferiu na expressão do mRNA desta chaperona. Assim, conclui-se que tanto o extrato das folhas de manga quanto a mangiferina demonstraram exercer efeitos benéficos na prevenção do processo inflamatório e do estresse oxidativo desencadeado pela ingestão de dieta hiperlipídica no fígado dos animais. |