Resumo |
Introdução: Um fator de risco para morbimortalidade de crianças é a desnutrição hospitalar. A identificação do risco nutricional nos pacientes pediátricos pode ser feita, no momento da admissão hospitalar através de instrumentos de triagem nutricional pediátrica. Recentemente o StrongKids, instrumento de triagem pediátrica, de fácil e rápida aplicação, foi traduzido e adaptado para ser utilizado nas crianças brasileiras hospitalizadas. Objetivo: Aplicar um instrumento de triagem nutricional em pediatria e verificar sua relação com os parâmetros nutricionais objetivos em crianças internadas em um hospital filantrópico no município de Viçosa, Minas Gerais. Metodologia: A triagem nutricional foi realizada pela aplicação do método Strongkids. Foi aferido o peso, a altura, calculado o Índice de Massa Corporal, e classificado o estado nutricional de acordo com as referências da Organização Mundial de Saúde Os dados socioeconômicos, alimentares e de aleitamento materno foram coletados através de perguntas diretas ao acompanhante. A avaliação dos exames bioquímicos foi feita através do prontuário médico. Foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman para verificar a associação entre a pontuação na triagem e os parâmetros nutricionais objetivos, adotando-se p<0,05 como indicativo de significância estatística. Resultados e Discussão: Esse estudou contou com 191 crianças, predominando o sexo masculino (54%). A média de idade foi 38,96 meses (dp±38,65). Estavam eutroficas 74,7% das crianças, 9,25% foram classificadas como magreza, 7,4% com o risco de sobrepeso e 8,5% com excesso de peso. A idade em meses,o tempo de hospitalização, e os bastonetes correlacionaram com a pontuação obtida no StrongKids (p= 0,039; p=0,01 e p=0,004 respectivamente) indicando maior risco do estado nutricional. Já as variaveis consumo de proteínas (p=0,035); Hemoglobina (p=0,000); Hematócrito (p=0,000); VCM (p=0,006) e HCM (p=0,001) obtiveram uma correlação inversa com a pontuação, assim quanto menor consumo proteico e menores valores no hemograma maior risco de desnutrição. Em alto risco nutricional encontrou-se 9% das crianças, 65% estavam com médio risco e 26% com baixo risco nutricional. O diagnóstico que mais frequentemente motivou o internamento foram as doenças respiratórias apresentando 26,9% das crianças com pneumonia e 13,5% com bronquiolites. Os sinais clínicos mais encontrados foram: desidratação (44,73%) e a palidez cutânea e de mucosas (29%).Conclusão: O StrongKids mostrou ser uma ferramenta útil e indispensável na identificação de crianças em risco nutricional. As variáveis tempo de internação hospitalar, idade, hemograma alterado e baixo consumo proteico, associaram ao maior risco nutricional. Cabe às instituições hospitalares adotarem em suas rotinas a triagem nutricional em pacientes pediátricos, contribuindo para uma assistência dietoterápica precoce e, consequentemente, com melhores resultados. |