Resumo |
INTRODUÇÃO: Evidencia-se no Brasil um aumento no índice de gravidez na adolescência1. A gestação nesta fase da vida é considerada um problema de saúde pública, por provocar complicações obstétricas, com repercussões para a mãe e o recém-nascido2. Com a diminuição da idade materna observa-se uma tendência do aumento de pré-eclâmpsia, eclampsia, anemia, cesariana, hipertensão, infecções durante a gravidez, disfunções uterinas, hemorragias pós parto e mortalidade3, que por conseguinte acarretam em prematuridade e baixo peso ao nascer2. OBJETIVO: Avaliar o perfil dos partos de adolescentes no município de Viçosa-MG no período de 1992 a 2001. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa quantitativa sobre partos realizados nos hospitais do município de Viçosa. Para tanto, foi realizada busca em prontuários, sendo os dados sistematizados em planilha do Excel e analisado no programa SPSS. Este trabalho faz parte de um projeto maior, intitulado: Condições de nascimento e avaliação do leucograma na adolescência: Interações com o estado nutricional, composição corporal e risco cardiovascular. Estratificou-se a adolescência pelas fases do desenvolvimento, descritas como: Inicial (10 a 13 anos), Intermediária (14 a 16 anos) e Final (17 a 19 anos)5. RESULTADOS: Foram encontrados registro de 9762 partos, sendo 1944(19,9%) em adolescentes e 7821(80,1%) nas demais idades. Na estratificação pela fase da adolescência, observou-se 12(0,6%) dos partos na fase inicial, 368(18,9%) na intermediária e 1564(80,5%) na final. Quanto ao peso ao nascer dos recém-natos de mães adolescentes, 216(11,1%) apresentaram peso baixo, 609(31,3%) insuficiente, 1076(55,4%) adequado e 43(2,2%) macrossomia. Entre as mães da fase inicial da adolescência, observou-se 16,7% de baixo peso e 8,3% de peso insuficiente, enquanto que na fase intermediária e final observou-se 11,4% e 11% de baixo peso, 34,5% e 30,8% de peso insuficiente, respectivamente. Predominou-se 57% de parto cesárea, desses 46,3% não apresentavam registro de indicação, 6,4% relacionaram-se a complicações maternas, 10,7% fetais, 33,5% do canal de parto e 3,2% por cesárea anterior. Em relação ao perfil dessas adolescentes 58,7% declaravam-se não brancas, 47,4% eram solteiras e 4,5% apresentavam outro tipo de relação conjugal. CONCLUSÕES: Percebe-se uma significativa prevalência de partos na adolescência no município de Viçosa. Sabendo que as complicações obstétricas e neonatais2,3, são inversamente proporcionais à idade materna, na adolescência é que se torna extremamente relevante a constante produção e análise de dados a fim de se fortalecer programas e políticas de saúde voltadas para o planejamento familiar para esse público, além de evitar a gravidez indesejada promove a prevenção de doenças e agravos obstétricos, e um desfecho saudável ao binômio mãe-filho. |