Resumo |
Introdução: O Sistema Único de Saúde (SUS), pautado nos princípios doutrinários de equidade, universalidade e integralidade, consolidou-se como um grande marco para a saúde no país, substituindo o antigo modelo baseado no paradigma biomédico e centrado na doença. A construção de um sistema universal, equânime e integrado pauta-se na Atenção Primária à Saúde (APS) como um cenário de potência, que requer a atuação de profissionais qualificados e resolutivos, constituindo este nível de atenção como a porta de entrada prioritária dos usuários no SUS. Tal intento remete a necessidade de que a formação do enfermeiro o confira subsídios para atuar nesta perspectiva, cumprindo o previsto nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os Cursos de Graduação em Saúde. Objetivo: Compreender as aproximações e distanciamentos inscritos no processo de formação do enfermeiro para a sua atuação na APS. Metodologia: Pesquisa qualitativa realizada com 11 enfermeiros da Saúde da Família de um município da Zona da Mata de Minas Gerais. A coleta de dados ocorreu nos meses de março a maio de 2015, por meio de entrevista com questões abertas. Os dados estão sendo analisados à luz de Bardin e serão interpretados e discutidos em consonância com a literatura pertinente à temática. Cabe ressaltar que o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa, inscrito sob o Parecer nº 959.225. Resultados parciais: A pesquisa, ainda em fase de categorização, permite preliminarmente evidenciar que os enfermeiros remetem dificuldades para atuar na APS em virtude da formação superficial que tiveram na graduação, associada ao escasso tempo destinado às práticas e às poucas oportunidades neste contexto assistencial. Consideram que tais fragilidades poderiam ser sanadas por meio do investimento em atividades práticas neste cenário durante a formação, em especial no que tange às gerenciais, nas quais encontraram maior dificuldade para desempenhar ao se inserirem no mercado de trabalho. Conclusões: As dificuldades para atuarem na APS, apontadas pelos enfermeiros do presente estudo, revelam interfaces com a sua formação acadêmica e podem ser equacionadas por meio da inserção precoce e longitudinal do estudante de enfermagem no referido cenário. Ressalta-se ainda a importância da educação permanente, capaz de aparar arestas oriundas da formação, ao propor a problematização da prática para a solução de nós críticos inscritos no cotidiano da APS. |