Resumo |
O reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS pela Lei 10.436, de 2002, ocasionou importantes discussões sobre os direitos linguísticos das pessoas surdas. No âmbito educacional, uma vez oficializada como segunda língua do país, é de suma importância que a LIBRAS seja usada nos ambientes escolares como veículo de comunicação, e como mediadora dos processos de ensino e aprendizagem dos alunos surdos. Com base nessas considerações, a pesquisa objetivou discutir e analisar a educação inclusiva de alunos surdos, a partir da aprendizagem da LIBRAS pela comunidade de uma escola do município de Viçosa-MG. O projeto teve início em maio de 2013 e foi elaborado para um período de duração de 36 meses. Devido ao foco na educação básica, o trabalho foi concebido por meio de uma metodologia participativa, de cunho intervencionista, de maneira que os pesquisadores pudessem desempenhar um papel ativo na coleta, análise e interpretação dos resultados. O corpo metodológico fundamentou-se na abordagem qualitativa e fez uso do diário de campo para a coleta dos dados. O projeto se materializou por meio de dois caminhos distintos e inter-relacionados: o primeiro priorizou ações de intervenção, com o oferecimento de cursos de LIBRAS para toda a comunidade escolar (professores, funcionários e alunos), que se constituiu no público alvo da pesquisa; e o segundo se preocupou em verificar as contribuições de tais ações sobre a educação inclusiva dos alunos surdos da escola. Após o segundo ano de seu desenvolvimento, diversos foram os resultados alcançados, principalmente em relação à desconstrução de possíveis preconceitos sobre a surdez; ao reconhecimento do valor linguístico da LIBRAS e à sensibilização e respeito pela cultura e identidade das pessoas surdas. Observou-se que a comunidade escolar desenvolveu uma comunicação significativa em LIBRAS, o que possibilitou a interação entre surdos e ouvintes. Quanto ao corpo docente, o projeto promoveu formação aos professores para atuação na perspectiva da educação inclusiva de alunos surdos, incentivando reflexões acerca da LIBRAS e de propostas metodológicas que contemplem as especificidades desses alunos. Tais resultados demonstram que o reconhecimento da LIBRAS e de sua prática ainda são bastante novos no Brasil, e precisam ser profundamente analisados e discutidos no âmbito científico e social. Quanto à pesquisa científica, são necessários investimentos em trabalhos participativos, cujos achados possam contribuir para melhorar as problemáticas envolvidas na educação de surdos. No campo socioeducacional, a difusão da língua deve ser promovida a todos aqueles que irão conviver com os surdos, criando-se espaços de interação e de trocas de experiências, em que surdos e ouvintes possam usufruir da LIBRAS como meio de comunicação. |