Resumo |
A educação inclusiva dos alunos surdos é uma problemática que tem sido alvo de constantes discussões no cenário nacional e mundial. Isso porque a Língua de Sinais ainda não está presente na maioria das escolas da educação básica, privando os surdos de uma comunicação efetiva e perpetuando os contextos históricos de desigualdade linguística, social e educacional vivenciados pelos mesmos. Tal problemática também é observada em Viçosa e, diante da questão, o objetivo do projeto foi desenvolver ações que possibilitassem a aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS pela comunidade de uma escola do município, a fim de permitir a comunicação e interação entre surdos e ouvintes. O projeto teve início em 2013 e nos anos de 2014 e 2015 foi contemplado com bolsa de extensão pela UFV. Para atender aos propósitos da renovação, no período de fevereiro a julho de 2015 foram realizadas oficinas de LIBRAS aos discentes de uma escola inclusiva da rede municipal de ensino público de Viçosa, que conta com a presença de alunos surdos. As oficinas tiveram duração de 1 hora e foram ofertadas semanalmente para as turmas do Ensino Fundamental, do 1° ao 9° ano. As metodologias de ensino da língua foram pensadas e elaboradas para contemplar os interesses das diferentes faixas etárias dos alunos e, portanto, envolveram atividades como vídeo, diálogos, jogos, brincadeiras, contação de histórias e discussões temáticas a partir de figuras, imagens e pequenos textos. Além do ensino da língua, as oficinas também abordaram temáticas voltadas para a inclusão, cultura e diversidade linguística. Os resultados mostraram que o uso de atividades lúdicas e interativas contribuíam tanto para a aprendizagem da LIBRAS quanto para a discussão das temáticas propostas. Além da apreensão da língua pelos alunos ouvintes, o projeto também possibilitou a interação dos professores nas atividades, favorecendo o processo de formação continuadas dos docentes na perspectiva da educação inclusiva de alunos surdos. Por meio das ações desenvolvidas foi possível estabelecer com a escola uma reflexão em que a LIBRAS deixou de ser uma língua específica dos surdos, para ser uma língua conhecida e usada pela comunidade escolar. Os resultados apontaram importantes transformações nessa comunidade, como a desconstrução de possíveis preconceitos em relação à surdez, reconhecimento e valorização da LIBRAS e respeito pela cultura e identidade das pessoas surdas. Visualiza-se que as ações do projeto sejam continuadas, pois são fundamentais para preparar a escola para o convívio com as diferenças. |