Resumo |
Devido à variedade de causas que provocam as crises econômicas e à não existência de um padrão de tempo entre dois eventos, a teoria econômica não tem uma definição definitiva sobre a origem das crises. Com base nos insights de Acemoglu et al. (2012), a pesquisa foca em processos de difusão de choques sobre a economia brasileira, levando em consideração a topologia da rede de interação entre setores. Os métodos recentes desenvolvidos pela abordagem de redes permitem iniciar uma tentativa de resposta a questões cruciais sobre a estrutura da economia. Tais métodos, entretanto, ainda não têm sido devidamente contemplados em estudos do gênero no Brasil. Essa linha de pesquisa tem sido seguida pelos recentes modelos desenvolvidos pela nova economia social, os quais enfatizam as interações entre os agentes como um importante componente da dinâmica de ajuste de sistemas a choques exógenos. Nos últimos anos, ocorreram grandes avanços relacionados à teoria de redes, que permitem ampliar o escopo dos modelos tradicionalmente utilizados para estudar esses processos. Argumenta-se que esse procedimento complementa as análises de insumo-produto tradicionais, pois há a possibilidade de inferir como características específicas das redes subjacentes influenciam a dinâmica da difusão de choques. Neste trabalho, estudou-se a possibilidade de que as relações entre diferentes setores da economia possam ter um efeito significativo sobre a frequência e a profundidade das crises econômicas, analisando três tipos de economias artificiais, isto é, supondo três diferentes tipos de cortes para definir a conexão entre setores na economia brasileira. Os resultados das simulações indicaram que a probabilidade de grandes crises é dependente da estrutura da rede de interação da economia. Algumas economias podem apresentar mais frequentes e mais profundas recessões do que outras dependendo da topologia da sua rede. Em particular, mostramos que quando há conexão entre os setores da economia mais provável é a ocorrência de eventos extremos, ou seja, maior a probabilidade das economias apresentarem recessões profundas. |