Resumo |
A utilização do lodo de esgoto como adubo agrícola é uma alternativa altamente promissora, uma vez que este produto contém elevada quantidade de matéria orgânica e presença de macro e micronutrientes essenciais para o desenvolvimento de plantas, superando em muitos casos a concentração destes nutrientes em adubos comercias. Também, o uso de lodo de esgoto para fins agrícolas oferece destino adequado a material potencialmente causador de diversos danos ambientais e sanitários, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população. Entretanto, uma etapa de higienização do lodo de esgoto torna-se crucial para inativação de diversos organismos patógenos presentes no material, representado principalmente pelos vírus entéricos (Poliovírus, Echovirus, Hepatite A e E, Norovírus, entre outros). O presente trabalho objetivou estudar o decaimento de organismos indicadores bacterianos (coliformes totais e E. coli) e viral (bacteriófagos somáticos) em lodo de esgoto produzido em reator anaeróbio de manta de lodo (UASB) higienizado por secagem em estufa agrícola, além da determinação de parâmetros físicos e químicos (pH, umidade e sólidos totais). O monitoramento da quantidade de coliformes totais e E. coli no decorrer da higienização do lodo foi realizado a partir do método Collilert. O monitoramento de bacteriófagos somáticos deu-se por contagem de placas de lise em culturas de células E. coli CN-13. Os valores de pH, percentual de umidade e de sólidos totais de quatro lotes de lodo de esgoto higienizado em estufa agrícola comportaram-se de maneira esperada conforme literatura. O pH do biossólido se mantém praticamente constante, levemente ácido (pH 5,7), o teor de umidade decai exponencialmente, assim como o teor de sólidos totais aumenta exponencialmente no decorrer da higienização. Foi possível verificar que em baixos percentuais de umidade, não se detectou bacteriófagos somáticos, e consequentemente vírus entéricos nas amostras de biossólido, corroborando a eficácia da higienização na estufa agrícola. A quantidade de E. coli, indicador de contaminação fecal mais preciso, também decai ao longo da higienização em estufa, sendo possível enquadrar os biossólidos produzido como Lodo Tipo A. Além disso, são necessários novos estudos envolvendo a quantificação de vírus entéricos cultiváveis no biossólido produzido em estufa agrícola para reuso agrícola. |