Resumo |
A listeriose humana é uma enfermidade causada por Listeria monocytogenes, um micro-organismos que sobrevive em diferentes ambientes de processamento de alimentos, o que facilita a contaminação em produtos finais. Apesar de L. monocytogenes apresentar susceptibilidade a maioria dos antimicrobianos utilizados contra Gram-positivos, o monitoramento dos perfis de resistência é fundamental para vigilância da emergência de resistência, além da prevenção de falhas no tratamento da listeriose. Além disso, outro fator de grande importância a ser estudado é o potencial de virulência, pois a capacidade de causar doença pode variar entre as cepas. O presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil de resistência antimicrobiana e a presença de marcadores de virulência em 137 isolados de L. monocytogenes obtidos de ambientes de processamento de carne, produtos de carne bovina e casos clínicos. Todos os isolados foram submetidos a sorotipagem molecular, e os perfis de resistência foram avaliadas contra 12 antimicrobianos. Além disso, os isolados foram submetidos à detecção de genes marcadores de virulência (inlA, inlc, inlJ). Os isolados foram classificadas como pertencentes aos sorogrupos 4b, 4d, 4a, ou 4c (46%), 1/2c ou 3c (27%), 1/2a ou 3a (13,9%), e 1/2b ou 3b (13,1%). Todos os isolados testados apresentaram sensibilidade aos antibióticos ampicilina, eritromicina, imipenem, rifampina, gentamicina, cloranfenicol, tetraciclina, trimetoprim/sulfametoxazol e vancomicina. No entanto um grande número apresentou resistência ou resistência intermediária à clindamicina (88,3%) e oxacilina (73,7%). Apesar de esses medicamentos não serem os de escolha para controle de listeriose, existe a possibilidade de cepas resistentes transferirem esses genes relacionados a resistência a outras bactérias, o que poderia eventualmente gerar problemas de saúde pública. Os genes marcadores de virulência foram detectados em todos os isolados, exigindo uma análise mais aprofundada para melhor caracterizar o seu potencial de virulência. Os resultados obtidos demonstram o potencial virulento de L. monocytogenes, ressaltando a sua importância como patógeno relevante associado a alimentos. |