Resumo |
A metáfora, com o surgimento da teoria da metáfora conceitual de Lakoff e Johnson (2003), deixou de ser vista como um simples ornamento da linguagem, restrito ao uso literário, e passou a ocupar um lugar de destaque nos estudos cognitivos e linguísticos por constituir um processo cognitivo básico de significação. Segundo Schröder (2010), a língua e nossos sistemas conceituais interagem de forma bidirecional, de modo que o estudo da metáfora nos permite compreender os processos de criação de sentido na linguagem. Essa reciprocidade entre os níveis linguístico e cognitivo no uso de metáforas nos leva a associá-la ao uso discursivo da linguagem e considerá-la um mecanismo comunicativo dinâmico, que sofre influência dos fatores envolvidos no evento discursivo, a saber, contexto social, participantes, relações de poder, perspectivas ideológicas e valores culturais.Podemos citar alguns exemplos práticos como as expressões ''perdendo tempo'' ou ''tempo é dinheiro'', que são utilizadas por diferentes sujeitos sociais en diferentes contextos e línguas. Considerando o conceito de metáfora discursiva (ZINKEN, HELLSTEN, e NERLICH, 2010), investigamos o uso de metáfora na construção de representações no discurso da candidata a presidência no ano de 2014, Dilma Rousseff. Para abordar o funcionamento discursivo das metáforas adotamos a metodologia de análise proposta pela Análise Crítica do Discurso (ACD) que propõe consideramos três níveis de análise: textual, social e discursivo. Os materiais selecionados para análise foram debates, entrevistas e o discurso de posse da candidata Dilma Rousseff que foram publicados no ano de 2014, e início de 2015. O principal objetivo, além de analisar a construção do discurso da candidata, é perceber como ele se diferencia do discurso de seus oponentes, principalmente nos debates presidenciais nos quais as perguntas e respostas possuem um tempo limitado de duração e o discurso é disseminado de forma oral. As metáforas revelaram uma ênfase na construção de um Brasil mais humano dada a recorrencia de estruturas metafóricas que representam o Brasil como uma entidade que se movimenta sempre em favor da população. Esses usos metafóricos constroem a imagem de um Brasil mais humanizado e, por conseguinte, constroem uma imagem favorável do governo. |