Resumo |
Introdução: O parto é um momento cheio de significados para as mulheres¹. A assistência nesse período tem por objetivo diminuir eventos patológicos, através de condutas com reduzida intervenção obstétrica². Pode-se observar nos últimos 30 anos, aumento nos números de cesariana, procedimento cirúrgico considerado por muitos como uma opção mais segura de nascimento³. Contudo, a realização desse procedimento, além do trauma causado pelo corte para a retirada do recém-nascido, apresenta riscos para a mulher, tais quais, aumento nas taxas de infecções puerperais, hemorragias, dificuldades de cicatrização, bem como aumento da síndrome de angústia respiratória do recém-nascido4. As indicações para esse procedimento estão descritas na literatura, como prolapso do cordão, placenta prévia, descolamento prematuro de placenta, apresentação córmica e herpes genital com lesões ativas5. Objetivo: Verificar o perfil obstétrico e as indicações de parto cesáreo, entre os anos 1992 a 2001, no município de Viçosa-MG. Metodologia: Pesquisa quantitativa, realizada através da busca em prontuários de partos realizados nos hospitais do município. Os dados foram organizados em planilha do Excel e analisado no programa SPSS 20.0. Este trabalho faz parte de um projeto maior, intitulado: Condições de nascimento e avaliação do leucograma na adolescência: Interações com o estado nutricional, composição corporal e risco cardiovascular. Resultados: A análise dos prontuários de mulheres assistidas pelo sistema público e privado, procedentes de Viçosa, constatou-se que 32,6% tiveram parto vaginal, e 66,9% cesárea e 0,5% dos prontuários não havia registro do tipo de parto. As indicações para a realização desta foram agrupadas em quatro categorias, segundo as principais causas, obtendo-se: 7% causas clínicas maternas incluindo hipertensão, aminiorrexe prematura, deslocamento prematuro de placenta; 12% causas fetais, incluindo sofrimento fetal, prematuridade e gemelaridade; 35,9% complicações de canal de parto, incluindo desproporção cefalopélvica, distócia de colo, apresentação não cefálica, parto prolongado, prolapso de cordão; e 8,5% iteratividade. Além destes, observou-se que 36,6% não apresentavam indicações. Conclusão: A medicalização do parto, observada pelos elevados índices de cesariana ao longo dos anos no país, também são percebidas em Viçosa/MG. Muitas dessas são realizadas através de justificativas inadequadas6, demonstrando que a configuração desse cenário se dá devido à deficiência na formação e atualização profissional para a condução do parto normal. Assim, a alteração dessa realidade será possível por meio do embasamento científico da boa prática clínica, do subsídio institucional e do compromisso profissional para assistir de forma individualizada à parturiente, a fim de manter mãe e recém-nascido em bom estado de saúde, através de uma assistência obstétrica de qualidade. |