Resumo |
Nos venenos de serpentes encontra-se uma grande variedade de proteínas, enzimas e peptídeos biologicamente ativos. Dentre essas proteínas está a lectina tipo C, que é uma proteína capaz de se ligar a carboidratos, aglutinando células e precipitando polissacarídeos ou glicoproteínas. Moléculas de polissacarídeos e glicoproteínas são constituintes da matriz extracelular protetora dos biofilmes bacterianos. O biofilme bacteriano de Staphylococcus aureus está frequentemente associado à infecções, que vão desde casos simples até infecções graves. Os biofilmes têm grande importância sanitária e econômica, são geralmente encapsulados por uma matriz extracelular protetora, formada por diversos componentes entre eles polissacarídeos e proteínas. São resistentes à remoção e ao tratamento com antimicrobianos, sendo necessário o desenvolvimento de novas técnicas para facilitar sua remoção ou prevenir sua formação. O objetivo deste trabalho foi de avaliar o efeito da lectina tipo C de serpentes do gênero Bothrops na formação e estabilidade do biofilme de S. aureus. Foram realizados experimentos avaliando a ação da lectina em diferentes concentrações e em diferentes intervalos de tempo. As amostras foram incubadas em placas de 96 poços, a 37 ºC, e a quantificação feita por meio da leitura de absorbância a 600nm para bactérias planctônicas e a 595nm, após coloração cristal violeta, para biofilme. Não houve relação entre a ação da lectina e o crescimento de bactérias planctônicas, visto que não ocorre a formação da matriz extracelular complexa, onde se espera que a proteína atue. Não houve ação da proteína na degradação do biofilme já formado, possivelmente devido à dificuldade de penetração e talvez, como no caso de antibióticos, à defesas das células à possíveis toxinas. Nos ensaios de prevenção a lectina-C apresentou resultados positivos, diminuindo a formação de biofilme nas concentrações de 100 µg/mL e 200 µg/mL. Mais estudos são necessários nesse sentido para averiguar a melhor a relação entre a quantidade da proteína e a resposta da inibição da formação do biofilme. Sendo possível, posteriormente, a criação de uma proteína recombinante para produção em escala comercial. |