Resumo |
As adaptações estão presentes a todo o momento em nosso cotidiano em diferentes suportes e mídias, desde os video games, histórias em quadrinhos, textos literários, telenovelas até o cinema. Com isso, o estudo de adaptações tem crescido consideravelmente, e se tornado objeto de estudo não só na área do cinema e afins, como também no campo dos estudos literários. As adaptações cinematográficas foram, por muito tempo, tachadas de inferiores em relação à fonte adaptada. Assim, compreendemos que é necessário desmistificar essa visão errônea, tendo em vista as inúmeras possibilidades e recursos do cinema capazes de acentuar traços e impressões presentes no texto literário. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise da adaptação cinematográfica do romance Vidas Secas (1938) de Graciliano Ramos, produzida pelo diretor Nelson Pereira dos Santos (1963). Para isso, faz-se necessário realizar uma revisão bibliográfica sobre os conceitos de adaptação, intermidialidade e suas subcategorias, bem como sobre os ideais do Cinema Novo. No caso da adaptação filmíca de Vidas Secas, nota-se sua importância não só pela temática abordada, mas também por ser considerada um marco para o Cinema Novo, sendo este um período de tentativa de criação de uma identidade e uma linguagem no cinema que falasse do Brasil. Busca-se perceber como o texto literário foi representado no suporte cinematográfico, a partir da análise de alguns aspectos e cenas, como a opção pela linearidade do filme, deslocamento e superposição de capítulos, representação do cenário da seca, dentre outros. Conclui-se que o texto literário e a adaptação Vidas Secas, desenvolveram-se a partir de um mesmo enfoque, a saber, a apresentação e denúncia da desigualdade social, no contexto da seca, presente no Nordeste que passou e ainda passa despercebida por boa parte dos brasileiros. Além disso, concluímos que a relação entre literatura e cinema pode apresentar intersecções profícuas para a pesquisa acadêmica, em se tratando do estudo de diversos âmbitos desde o histórico, passando pelo literário até o da intermidialidade. |