Resumo |
Introdução: O kefir é considerado ao mesmo tempo um produto funcional e probiótico, com crescentes evidências que este produto fermentado pode trazer benefícios à saúde. Entre as alegações funcionais, destaca-se por apresentar ação anti-inflamatória, imunomoduladora, antioxidante, cicatrizadora, antialérgica, hipotensora e hipocolesterolemiante e com grande potencial na prevenção e no tratamento da síndrome metabólica. Objetivo: Avaliar o consumo de kefir no metabolismo lipídico de SHR (Spontaneously Hypertensive Rats) induzidos à síndrome metabólica. Materiais e métodos: Foram utilizados 30 ratos SHR induzidos à síndrome metabólica na fase neonatal, utilizando-se glutamato monossódico (4 mg/g peso corporal). Após 3 meses do processo de indução, os animais foram randomicamente divididos em 3 grupos experimentais, constituído de 10 animais cada: Grupo Controle, que receberam diariamente 1mL 0,9% NaCl/dia; Grupo Leite, que receberam diariamente 1mL de leite integral por dia e o Grupo Kefir, ofertados 1mL de kefir/dia. A suplementação foi realizada via gavagem durante 10 semanas. Os animais permaneceram em gaiolas individuais e foram mantidos em condições padrões durante todo período experimental, recebendo ração comercial e água filtrada ad libitum. Foi realizado o controle de peso e ingestão, controle da pressão arterial, avaliação bioquímica no soro e tecido hepático e avaliação dos ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) na amostra fecal dos animais. Resultados: Após o tratamento, os grupos que receberam kefir e leite apresentaram menor ganho de peso e redução dos níveis de HDL-c (lipoproteína de alta densidade) em comparação ao grupo controle (p<0,05). Contudo, os níveis de triglicerídeos plasmáticos e hepático e os de lipídios totais do fígado foram maiores no grupo que recebeu leite quando comparados com os outros dois grupos (p<0,05). A oferta de kefir aos animais não foi capaz de influenciar nos níveis plasmáticos de colesterol, LDL (lipoproteína de baixa densidade), VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade) e os níveis totais de colesterol presentes no tecido hepático dos animais (p>0.05). Observou-se também que os animais tratados com kefir apresentaram maiores níveis de AGCC fecal, quando comparados aos animais que receberam leite (p<0,05). Conclusão: O kefir como uma bebida probiótica, apresenta uma rica composição nutricional e microbiológica. Os animais que consumiram kefir por 10 semanas apresentaram uma redução significativa na deposição lipídica no tecido hepático, e uma melhora nos níveis de triglicerídeos plasmático e hepático, demonstrando que o leite fermentado apresenta um efeito protetor na modulação do metabolismo lipídico. Adicionalmente, o aumento dos AGCC também representa um efeito protetor, uma vez que estes ácidos podem proporcionar efeitos benéficos no organismo, como acidificação do lúmen intestinal e contribuir com a melhora do equilíbrio da microbiota intestinal. Apoio financeiro: FAPEMIG, CAPES, CNPq. |